“Ao contrário do que vem ocorrendo em grande parte dos países, no último trimestre, a inflação brasileira surpreendeu favoravelmente, beneficiada, sobretudo, pela melhora no comportamento dos preços administrados, apontou o Ipea, na Carta de Conjuntura divulgada nesta quinta-feira.
No IPCA, a revisão foi motivada pelos itens monitorados pelo governo. A expectativa anterior previa uma alta de 1,1% este ano, mas passou a uma deflação de 4,2%. A projeção para os bens industriais passou de alta de 9,1% para 8,7%. Já a estimativa para os alimentos no domicílio subiu de 12,3% para 13,2%, enquanto a dos serviços aumentou de 6,9% para 7,6%.
No INPC, a projeção para os preços administrados foi revista de -0,9% para -3,9%. A previsão para os bens industriais foi reduzida de uma alta de 8,9% para 8,3%. Houve elevação na estimativa para a inflação dos alimentos, de 12,6% para 13,8%, e para os serviços livres, de 6,6% para 7,2%.
“Por certo, além do recuo da taxa de inflação corrente, a sinalização de uma deflação ainda mais intensa dos preços administrados, aliada a uma melhora no desempenho dos bens industriais – beneficiada por uma trajetória mais favorável das commodities no mercado internacional e pelo processo de normalização das cadeias produtivas -, deve gerar uma alta mais moderada da inflação em 2022. Adicionalmente, o ciclo de elevação da taxa básica de juros – completando agora um ano e meio – certamente contribuirá para este quadro de redução da inflação”, avaliaram os pesquisadores do Ipea Maria Andreia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes, no documento.
As projeções de inflação para 2023 foram mantidas em 4,7% tanto para o IPCA quanto para o INPC.
“De fato, mesmo diante de uma piora do cenário externo e do aumento do risco sobre a taxa de câmbio – advindos de um aperto monetário mais forte em diversos países -, a continuidade do processo de desaceleração das commodities no mercado internacional, aliada à normalização das cadeias produtivas, deve impedir pressões adicionais sobre os preços dos bens industriais. Adicionalmente, a projeção de uma safra recorde de grãos e a baixa probabilidade de eventos climáticos adversos sinalizam alta menos intensa dos alimentos em 2023”, justificou o Ipea.