Na passagem de julho para agosto, houve redução em oito dos 26 ramos pesquisados, com destaque para as perdas em derivados de petróleo e biocombustíveis (-4,2%), produtos alimentícios (-2,6%), indústrias extrativas (-3,6%) e produtos têxteis (-4,6%). Na direção oposta, das 18 atividades com expansão, os destaques foram veículos (10,8%), máquinas e equipamentos (12,4%) e outros produtos químicos (9,4%).
Pela pesquisa do IBGE, em agosto o setor industrial estava 1,5% abaixo de fevereiro de 2020, período anterior à pandemia, e 17,9% aquém do nível recorde alcançado em maio de 2011.
“De modo geral, a indústria vem andando de lado desde meados de 2021. Um mês sobe um pouco; no outro, cai. Não consegue atingir uma tendência de alta”, apontou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota. “Daqui para a frente, nossa previsão é de que o setor continue andando de lado ou até caia, como ocorreu agora em agosto. Isso deve acontecer porque a indústria, assim como o restante da economia, passa a sentir mais fortemente os efeitos da elevação da taxa de juros neste segundo semestre, além de continuar sendo afetada pela desaceleração da economia global e pela queda de preços de commodities.”
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, as medidas de incremento de renda implementadas pelo governo impulsionaram a demanda por bens industriais, especialmente de fevereiro a maio. No entanto, elementos desfavoráveis ao consumo das famílias permanecem presentes, atuando como obstáculos para uma melhora no fôlego da produção. Segundo Macedo, os principais fatores seriam a alta da inflação de alimentos, o aumento dos juros e o mercado de trabalho com contingente ainda importante de desempregados e geração de empregos mais precários.