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Novo governo à vista: como ficam os investimentos?

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Após 122 milhões de brasileiros irem às urnas votar no segundo turno das eleições presidenciais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil e, a partir de 1 de janeiro de 2023, presidirá o país em seu terceiro mandato.

Ontem tivemos a disputa mais acirrada desde a redemocratização. A diferença de votos entre os candidatos foi de cerca de 2 milhões a favor de Lula.

Entrevistamos o especialista em Renda Variável da Valor Investimentos, escritório de assessoria de investimentos credenciados a XP investimentos para sanar as principais dúvidas dos investidores.

O que esperar da Bolsa nas próximas semanas?

“Haverá volatilidade, mas não necessariamente queda”, disse Pedro Lang, Head da Mesa de Renda Variável da Valor Investimentos. “Existe preocupação com o governo de transição, porque o Presidente Bolsonaro ainda não se posicionou e a forma como será a transição do governo atual para o novo eventualmente trará volatilidade.”

Além disso, alertou o especialista, o ministro da economia escolhido pelo novo presidente é quem vai ditar o que vai acontecer no mercado daqui para frente, então é importante aguardar o anúncio de quem ficará com a pasta e se existe a possibilidade de separação entre outras mais.

Tem alguma expectativa de injeção de capital estrangeiro no Brasil?

De acordo com Lang, “hoje o investimento estrangeiro no Brasil está próximo das mínimas históricas, mas o investimento estrangeiro não é tão sensível a eventos políticos.”

Segundo o especialista, se a gente mantiver algum grau de instituições fortes, juro minimamente equilibrado e inflação controlada esse investimento continua a vir no longo prazo. O resultado da eleição é muito determinante nesse sentido.

Quais são os setores que podem ser mais favorecidos com a eleição do Lula?

“As ações das estatais devem continuar voláteis, dada a persistente incerteza em relação à política no futuro. Construtoras de baixa renda, varejo de consumo discricionário e educação devem ser favorecidos com o novo governo”, disse Pedro.

Entre os setores eventualmente desfavorecidos estão as empresas do governo, destacou Lang. Antecipando a possível eleição do Lula, na semana passada, tanto a Petrobras (PETR4) quanto o Banco do Brasil (BBAS3) caíram mais de 13%.

O setor bancário também pode ser afetado, uma vez que seus lucros foram tributados nos últimos governos do PT (Partido dos Trabalhadores).

É hora de entrar ou abandonar a bolsa?

O momento é de cautela, mas a Bolsa está barata”.

Lang destacou que até que tenhamos algumas evidências dos caminhos que serão tomados pelo novo governante eleito, as perspectivas para a inflação e os juros, não há por que se alterar as alocações.

Como ficam os investimentos?

Do ponto de vista do especialista, “a gente ainda não vê nenhum motivo para fazer uma mudança estrutural nos portfolios até que alguma mudança estrutural aconteça”.

Na semana passada, o Ibovespa caiu 4,5% e o real desvalorizou 2,5% com os investidores observando menores chances de reeleição do presidente Bolsonaro.

Se confirmada o cenário acima, podemos esperar carteiras que mantenham parcelas expressivas em renda fixa, com preferência por pós-fixados e títulos IPCA+ (vencimentos curtos e médios, de até 5 anos)”, explicou.

Como agir agora?

Principalmente agora é importante ter diligência e cautela nas movimentações e rebalanceamentos das carteiras”, disse Pedro, destacando, em seguida que “o cenário é de volatilidade, o que pode trazer riscos adicionais a investimentos realizados sem estratégia e planejamento. Liquidez acima da média, eficiência de custos e diversificação se fazem ainda mais necessárias nas carteiras daqui em diante”.

O especialista finalizou complementando que são momentos como esse que mostram a importância de ter um bom assessor de investimentos para auxiliar o investidor nos próximos passos.

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