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Bares e restaurantes querem recontratar, mas falta mão de obra qualificada

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Estadão Conteúdos

Pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostra que quase três em cada quatro estabelecimentos do setor de alimentação fora do lar (72%) trabalha hoje com menos funcionários do que antes da pandemia. A boa notícia é que 31% deles pretendem recontratar nos próximos três meses.

Para a parte das empresas que está contratando, surge uma nova dificuldade no horizonte. Uma em cada cinco (20%) diz estar com dificuldade para recrutar mão de obra. Os cargos mais qualificados são os que têm menos oferta de profissionais – quase metade dos que tentam contratar um cozinheiro, por exemplo, relataram problemas para encontrar alguém preparado para assumir a função.

Na avaliação dos consultados, pela ordem, os cargos mais difíceis hoje são cozinheiros, gerentes e chefe. Depois vêm especialistas (como sushiman), garçons e auxiliares de cozinha.

“Este é um fenômeno que deve se intensificar com a retomada. Outros setores também relatam dificuldades parecidas, principalmente nos grandes centros. Muitos trabalhadores demitidos durante a pandemia se mudaram ou encontraram uma nova forma de renda – não à toa, o número de MEIs (microempreendedores individuais) cresceu muito nos últimos 18 meses”, diz o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.

De acordo com o levantamento, 58% dizem ainda precisar fazer ajustes no quadro de empregados, em função do encerramento do benefício emergencial para suspensão de contratos ou redução de jornada, que ajudou a manter empregos durante a crise. Para 27% destes, isso significa ter de fazer novas demissões e, para 21%, adiar reformas e melhorias.

Outro ponto de atenção para o setor é o grande número de empresas com pagamentos em atraso (56%), o que dificulta a retomada. Dos estabelecimentos que responderam que estão no Simples (88%), mais da metade (51%) deve ao menos uma parcela. E a retomada ainda não começou para todos os bares e restaurantes: 35% disseram ainda ter trabalhado com prejuízo em agosto, índice que se manteve quase estável em relação a julho (37%).

“Mais da metade das empresas (53%) afirmou ter feito faturamento maior em agosto de 2021 em relação a agosto de 2020, mas o número não impressiona, já que é fundamental observar que nesta época, ano passado, as restrições em função da pandemia eram muito mais severas”, diz Solmucci.

Segundo ele, os ajustes na gestão, a maior automação e a adoção de novos canais (como o delivery) permitiram a essas empresas chegar até aqui. “Mas agora é preciso redobrar os esforços e olhar com atenção para os problemas que podem atravancar a retomada, como a questão das dívidas, principalmente os impostos atrasados”, completa.