Houve uma mudança na estratégia de divulgação da campanha, justamente para evitar as tradicionais aglomerações, que costumavam viralizar em vídeos nas redes sociais. No entanto, os clientes que compareceram ao mercado relataram que estão com menos dinheiro para encher a despensa.
“Não tinha muita gente”, disse Ronaldo da Conceição, 45 anos, contador e professor de Matemática, o primeiro da fila de clientes à espera, ontem, da abertura da filial do supermercado no centro de Niterói, região metropolitana do Rio.
Os alimentos comprados pelas famílias brasileiras para consumo em casa chegaram a setembro 14,66% mais caros do que no mesmo período do ano anterior, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta de preços ocorre num momento em que a taxa de desemprego permanece elevada – 13,7% no trimestre encerrado em julho, último dado divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua, também do IBGE -, com 14,1 milhões de pessoas procurando trabalho. Já a renda média de quem permanece trabalhando diminuiu 8,8% em um ano.
No supermercado, o professor Ronaldo lamentou que as promoções e a renda disponível não sejam mais suficientes para encher três carrinhos de compras, como fazia em anos anteriores. “Os preços não estão tão atraentes, e tem a situação atual do País”, justificou Ronaldo da Conceição.
O aposentado Ailton dos Santos, de 67 anos, manteve a programação de gastos com alimentação graças ao trabalho como vendedor de roupas por conta própria, que ajuda a complementar a renda da família. No entanto, ele conta que também teve de moderar as compras no supermercado.
“Já me programei, mas não para a quantidade que eu comprava antigamente, um pouco menos. Devido a essa situação que estamos vivendo, da covid, muitos estão desempregados, aí não têm condição de comprar como antigamente. As coisas aumentaram muito mesmo”, contou Santos.
O primeiro dia de promoções costumava ter aglomeração e disputa entre consumidores por produtos, mas a primeira manhã de 2021 – a mais concorrida da temporada de liquidações, por apresentar os descontos mais agressivos – transcorreu sem que houvesse o esperado pico de demanda.
“Estou surpreso. Cheguei aqui às 6h30, no estacionamento tinha pouca gente. Em outros anos era um alvoroço”, lembrou Roberto Carlos Gonçalves, 54 anos, comerciante, que atribui a redução no movimento às condições financeiras desfavoráveis da população. “Sem dinheiro, está muito difícil para todos nós.”
Em 2019, cerca 450 mil pessoas passaram pelas 26 lojas da rede no primeiro dia da campanha, que dura mais de um mês. Em função da crise sanitária, a empresa adiou a divulgação da campanha publicitária sobre as liquidações. Em vez de peças publicitárias anunciando a data ao longo de uma semana, os consumidores desta vez só souberam de véspera. O horário das lojas também foi antecipado em uma hora, passando de 8h para as 7h, para encurtar a espera dos clientes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.