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Greve dos tanqueiros é suspensa após deixar postos sem combustível em MG

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Estadão Conteúdos

Depois de provocar filas em postos de gasolina e deixar bombas de abastecimento vazias no estado de Minas Gerais, a greve dos tanqueiros, motoristas que transportam combustível, foi encerrada na tarde desta sexta-feira, 22, um dia após ser iniciada. A suspensão foi anunciada pelo presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque), Irani Gomes. Houve paralisação também no Rio de Janeiro, com menos adesão. Em São Paulo, a mobilização também foi anunciada, mas não ganhou corpo.

Segundo Gomes, houve um acordo com as distribuidoras para encerrar a greve. O movimento, no entanto, pode ser retomado no dia 1º de novembro, para quando estava prevista uma mobilização mais ampla, que foi antecipada em Minas. “Após a sensibilidade das distribuidoras, junto às transportadoras de combustíveis do estado de Minas Gerais, resolvemos suspender a paralisação. Mas ainda aguardamos uma posição do governo”, disse, em vídeo, na página do sindicato em rede social.

Os tanqueiros reivindicam redução das alíquotas do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), um tributo estadual, sobre o preço do combustível. Segundo Gomes, a luta é pela redução da alíquota atual de 15% sobre o diesel para 12%, como era praticado no estado até 2011.

Quando o sindicalista fez o anúncio da suspensão da greve, parte dos caminhões já havia voltado a trabalhar em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte. Às 16 horas, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro) informou que os caminhões voltaram a carregar combustível e a situação do abastecimento no estado estaria normalizada em algumas horas.

Desde a noite de quinta, 21, filas se formaram nos postos de Belo Horizonte e região metropolitana. Alguns postos elevaram o preço da gasolina, que chegou a custar quase R$ 7 o litro. Durante a madrugada, a Polícia Militar montou um gabinete de crise para acompanhar a paralisação. Foram disponibilizadas escoltas para os caminhoneiros que decidiram continuar trabalhando. Mesmo assim, muitos postos ficaram sem gasolina, embora tivessem etanol.

Na manhã desta sexta, motoristas relataram dificuldade para abastecer nos postos instalados ao longo da MG-010. Gerentes de postos atribuíram a escassez à corrida de motoristas para encher o tanque. Na região metropolitana, ao longo da rodovia Fernão Dias, alguns postos chegaram a fechar devido à falta de combustível. Em alguns estabelecimentos, os caminhões-tanque encostaram, mas não fizeram descarga do combustível. Segundo o Sindtanque, cerca de 800 caminhões pararam na região metropolitana. Não houve interdição de rodovias.

No Rio de Janeiro, em Duque de Caxias, desde a noite de quinta, os caminhoneiros se posicionaram nos acessos às unidades de Campos Elíseos que abastecem as principais distribuidoras. Por segurança, as bases fecharam os portões. A Polícia Militar informou que o bloqueio foi realizado de forma pacífica. Não houve prisões. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, alguns postos fecharam as lojas de conveniência temendo depredações.

A greve também foi encerrada no Rio, informou o presidente da Associação das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados do Petróleo do Rio de Janeiro (Associtanque-RJ), Ailton Gomes. Ele estima que entre 1,2 mil e 1,5 mil veículos tanqueiros teriam deixado de circular na região Sudeste por causa da paralisação.

Em São Paulo, apesar de o presidente do Sindtanque paulista, Sandro Gonçalves, anunciar a adesão à greve, não houve registro de paralisações. Um comboio de caminhões se posicionou próximo ao acesso da Refinaria Planalto (Replan), em Paulínia, mas o movimento foi considerado normal. As concessionárias das principais rodovias, como Sistema Anhanguera-Bandeirantes, Via Dutra e Régis Bittencourt, informaram não terem sido registrados movimentos de caminhoneiros nesta sexta.

O governo de Minas Gerais informou que os últimos reajustes nos preços dos combustíveis não se devem ao ICMS cobrado pelos estados, mas à política de preços da Petrobrás. Em nota, a Petrobrás informou que a paralisação não trouxe impacto em suas unidades operacionais.

Nova paralisação

A decisão de iniciar a greve foi tomada pelos tanqueiros, embora já houvesse um movimento mais amplo programado para o dia 1º de novembro, envolvendo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), além das associações de caminhões-tanque.

Na tentativa de evitar a greve em novembro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu um auxílio aos 750 mil transportadores de derivados de petróleo para compensar a alta do óleo diesel. O presidente não deu detalhes sobre a medida, nem informou a fonte dos recursos que irão bancar o auxílio.