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À espera do Copom, Ibovespa cede 1,18%, a 111,8 mil pontos

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Estadão Conteúdos

À espera dos termos do comunicado do Copom sobre a decisão de política monetária do período da noite, da qual se espera elevação da Selic de 9,25% para 10,75% ao ano, o Ibovespa fez uma pausa na recuperação deflagrada em janeiro, vindo de ganhos em cinco das últimas seis sessões mesmo quando o sinal, ao contrário desta quarta, não era favorável em Nova York.

Nesta quarta-feira, o índice de referência da B3 fechou em baixa de 1,18%, a 111.894,36 pontos, em sessão de perdas bem distribuídas, entre as quais as de bancos após o balanço do Santander (Unit -2,99%), na abertura da temporada de resultados do quarto trimestre de 2021 – depois do fechamento desta quarta, será a vez de Cielo (ON +1,30%, terceira maior alta do Ibovespa na sessão). Entre os segmentos e ações de maior peso no índice, a exceção do dia foi mineração (Vale ON +0,56%) e siderurgia (Gerdau PN +0,77%). Na ponta do Ibovespa, Positivo (+3,57%) e Qualicorp (+1,60%), com Banco Inter (Unit -9,54%) e IRB (-9,04%) no lado oposto.

“O Santander Brasil reportou lucro líquido gerencial de R$ 3,880 bilhões no quarto trimestre de 2021, redução de 10,6% em relação ao terceiro trimestre. O banco também aprovou a distribuição de R$ 1,3 bilhão em dividendos intercalares e R$ 1,445 bilhão líquido em JCP, com data ex-dividendo a partir de 11 de fevereiro e pagamento a partir de 4 de março”, aponta em nota a Nova Futura Investimentos.

Na B3, o giro ficou em R$ 30,6 bilhões na sessão e, da mínima à máxima, o Ibovespa variou entre 111.645,07 e 113.665,90, saindo de abertura aos 113.228,13 pontos. Na semana e no mês, oscila agora levemente para o negativo (-0,01% e -0,22% respectivamente), ainda acumulando retomada de 6,75% no ano.

“O consenso é de que a Selic será elevada hoje em 150 pontos-base, de forma que a atenção do mercado deve se voltar para eventuais mudanças no comunicado. Nossa percepção é de que a orientação da política tende a se manter contracionista, mas com possibilidade de alguma flexibilização nos termos do comunicado, deixando em aberto (aumentos futuros)”, diz Luciano Costa, economista-chefe da Kilima Asset, casa que aguarda outra elevação em março, de 0,75 ponto porcentual, que colocaria a Selic a 11,50%, nível que seria mantido até o fechamento do ano, e que já deixaria naquele mês a taxa de juros real entre 6% e 6,5%.

Pelo lado fiscal, contudo, a possibilidade de desonerações neste ano eleitoral tende a produzir efeito sobre o balanço de riscos do BC, que se traduziria em chance de Selic mais próxima a 12% no fim do ano, observa o economista. “São questões que estão em aberto, e o BC não tem como se antecipar a isso”, diz Costa.

No momento, a equipe econômica estuda reduzir as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) linearmente em 15% a 30%. De acordo com fonte ouvida pelo Broadcast, tais simulações estão na mesa, sem discussão de corte maior. A redução de 30% impactaria em R$ 24 bilhões a arrecadação de tributos, o que também diminuiria o repasse do imposto aos Estados. A ideia em discussão é reduzir a alíquota incidente sobre todos os produtos, para não beneficiar setores. Há também a discussão sobre a PEC dos combustíveis, concentrada agora no diesel.

Na B3, com a rotação vista entre as ações de crescimento para as de valor, o mês de janeiro foi impelido pela atração de fluxo, que resultou não apenas em recomposição de preços mas também em fortalecimento do real ante o dólar, após fim de ano pautado pelo ‘overhedge’. “Há um ajuste natural, uma melhora em começo de ano. A questão passa a ser a extensão, a continuidade desse ‘upside’, o que tem de (espaço) remanescente, que não é tão grande assim”, aponta o economista da Kilima.

“A Selic não chega aos dois dígitos desde julho de 2017, e naquele ano foi a 11,25%, agora devemos voltar a 10,75%, podendo chegar aos mesmos 11,25% na reunião seguinte (de março) para o BC controlar esses movimentos (da inflação)”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

“Os investidores estão ansiosos para saber se já chegamos no limite superior da taxa (Selic) ou se ainda há espaço para promover novas altas. Eventual movimento inesperado do Copom tende a resultar em volatilidade na Bolsa, com incerteza para o investidor”, diz Rafael Germano, especialista em renda variável da Blue3.