Em relatório, o Fundo destaca que, embora os efeitos repassados para a inflação sejam mais associados ao combustível e alimentos, os custos de entrega são “muito mais” voláteis. “Como resultado, a contribuição na variação da inflação devido às mudanças nos preços globais do transporte marítimo é quantitativamente semelhante à variação gerada por choques nos preços globais de petróleo e alimentos”, dizem analistas.
As entregas pelo oceano contam com 80% do comércio global de bens e diferentemente da alta de preços do combustível, por exemplo, que é sentida nos postos de gasolina em poucos meses o impacto do avanço dos preços de remessas por navio atinge os consumidores gradualmente, alcançando seu pico em 12 meses. Os produtores, por sua vez, sentem o choque em cerca de dois meses, já que muitas vezes dependem das importações para sua produção, observa o Fundo.
Há determinados fatores que dimensionam o impacto de tais custos sobre a inflação. Um país que importa grande parte do que consome deve sentir os preços mais altos, assim como os mais integrados a cadeias de suprimentos. Uma política monetária forte e credível também desempenha seu papel em mitigar os efeitos de preços nos produtos importados e na inflação.
Na análise do FMI, o impacto inflacionário dos custos de envio devem continuar subindo até o fim de 2022. “Isso criará compensações complicadas para muitos banqueiros centrais que enfrentam inflação crescente e ainda ampla folga na atividade econômica. Além disso, a guerra na Ucrânia provavelmente causará mais interrupções nas cadeias de suprimentos, o que poderia manter os custos globais de remessa e seus efeitos inflacionários mais altos por mais tempo.”