Em sua justificativa ao ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre não ter cumprido a meta no ano passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, argumentou que a inflação é um fenômeno global. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2021 em 10,06%, a maior inflação em seis anos.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o cenário de referência indica um IPCA (índice oficial de inflação) de 7,10% para este ano e 3,40% no próximo.
A estimativa para 2022 encontra-se muito acima da margem de tolerância da meta de 3,50% (com teto de 5%). Para 2023, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%). Já para 2024, o objetivo é de 3%, com tolerância de 1,5% a 4,5%. A meta para 2025 ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O cálculo de probabilidade de furo da meta divulgado nesta quinta tem como base a Selic (taxa básica de juros) variando conforme o Relatório de Mercado Focus e o câmbio atualizado com base na Paridade do Poder de Compra (PPC).
Guerra na Ucrânia
Dada a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia, a autoridade monetária divulgou também um cenário alternativo para algumas de suas projeções, que leva em conta a trajetória de queda do preço da commodity ao longo de 2022.
Não informou, no entanto, até onde essa redução pode chegar. Neste caso, a probabilidade de a inflação deste ano ficar acima do teto da meta também é elevada, de 88%. Já a probabilidade de a inflação ficar abaixo do piso da meta em 2022, de 2%, nula.
Para 2023, a probabilidade de estouro do teto de 4,75% da meta é de 12%, considerando a queda do preço do petróleo. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,75% da meta é de 17%. Ainda levando em conta a trajetória descendente do valor da commodity, no caso de 2024, a probabilidade de estouro do teto de 4,50% da meta é de 6%. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,50% da meta é de 28%.
Para 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,00% a 5,00%). Para 2023, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%). Já para 2024, o objetivo é de 3,0%, com tolerância de 1,5% a 4,5%.
BC mantém previsão do PIB
O Banco Central manteve sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 em 1,0%.
No último relatório Focus, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 0,50% no PIB de 2022. Na quarta, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, já havia adiantado que a autoridade monetária tinha um número melhor que o do mercado para a atividade neste ano.
Pelo lado da oferta, porém, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de alta de 5,0% para apenas 2,0%. Já a projeção para a evolução da indústria passou de retração de 1,3% para queda de 0,3%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de avanço de 1,3% para 1,4%.
Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou a manutenção de 1,1% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e alterou de 2,4% para 2,3% previsão de alta do consumo do governo.
O documento desta quinta-feira indica ainda que a projeção de 2022 para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de queda de 3,0% para recuo de 1,5%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em dezembro.