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BC ainda tem alguns ajustes pela frente a serem feitos na Selic, diz diretor

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Estadão Conteúdos

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, reforçou nesta quarta-feira que a autoridade monetária ainda tem mais ajustes – no plural – para fazer na Selic. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic em 1,50 ponto porcentual, de 9,25% para 10,75% ao ano.

“A reação do BC tem sido bastante incisiva, com um ciclo de ajuste bastante forte e rápido. A batalha está longe de estar ganha ainda, temos uma inflação de dois dígitos. Temos bastante trabalho pela frente na minha opinião” afirmou, em evento virtual promovido pelo modalmais.

Segundo Serra, embora a pressão inflacionária na margem comece a ser um pouco menor, a persistência do choque primário – em alimentos, combustíveis e energia – começam a afetar serviços. “Isso é um problema para a desinflação futura e demanda atenção para os próximos meses”, completou.

Serra repetiu que inflação do Brasil em 2021 foi afetada por preços importados, mas reconheceu que o câmbio teve depreciação maior do que os pares emergentes por conta de problemas internos. “Os choques de importados e de energia explicam boa parte desvio da meta do ano passado”, reiterou.

O diretor avaliou ainda que, como o câmbio está depreciado, tem bastante espaço para Brasil surfar rotação de ativos de tecnologia para ativos valor. “Quando os países desenvolvidos apertam a política monetária, a maré baixa para todo mundo, sobretudo para emergentes. Nesse ciclo temos alguns fatores que podem aliviar isso, mas o cenário é desafiador e querer atenção”, concluiu.

Sutileza

Bruno Serra explicou que a alteração pela instituição da nomenclatura de “cenário básico” para “cenário de referência” foi uma sutileza para lidar com as dúvidas do mercado no início do ciclo de aperto monetário. “Falávamos de ajuste parcial e o mercado questionou muito. O leitor menos atento pode entender o cenário básico como o cenário que o BC persegue, mas está longe disso. Por isso mudamos a nomenclatura para cenário de referência, com base em projeções de mercado. O nome cenário de referência parece mais adequado”, afirmou.

Serra também esclareceu que a ata do Copom divulgada na terça-feira não teve objetivo de comunicar nada diferente do documento anterior ao dizer no parágrafo 14 que o ciclo de aperto deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência “ao longo” do horizonte relevante. “Foi apenas um ajuste de wording”, afirmou.

Cenário externo

O diretor de Política Monetária do Banco Central destacou que a inflação tem se mostrado muito mais resiliente do que o esperado pelos principais bancos centrais do mundo. “O principal ponto que mudou bastante desde fim do ano passado foi cenário externo. Se esperava que algumas pressões de demanda fossem refrear mais rápido, mas a verdade é que isso não aconteceu. Isso obrigou os BCs de países desenvolvidos, em particular o FED, a demonstrar uma reação mais rápida que o esperado”, afirmou.

Para Serra, está claro que está claro que condições financeiras vão precisar ser apertadas, em especial nos EUA, onde as condições são muito mais estimulativas do que eram antes da pandemia. “A parte boa é como mercado tem reagido a essa onda de aperto monetário em desenvolvidos”, considerou.