“Há um avanço de pautas que ampliam desonerações e dispêndios governamentais, o que reduz a probabilidade de um superávit primário neste ano. Algumas medidas devem ficar restritas a 2022, mas outras têm caráter permanente, com consequências para a trajetória da dívida pública”, diz o relatório mensal de macroeconomia do banco, assinado pelo economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa.
Nas contas do banco, as desonerações de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estabelecidas pelo PLP 18 impõem uma perda permanente de receitas da ordem de 1% do PIB para Estados e municípios, enquanto a zeragem de PIS/Cofins sobre gasolina e etanol implica em uma renúncia de R$ 17 bilhões para o Governo Central em 2022.
A PEC dos Combustíveis ainda pode elevar as despesas federais em R$ 40 bilhões este ano.
O Bradesco observa que o aumento dos juros nos países desenvolvidos e o quadro fiscal mais desafiador levaram a uma intensa depreciação do real no último mês. Apesar disso, o banco manteve as projeções para o dólar no fim de 2022 e 2023, de R$ 5,0.
“Nosso cenário base pressupõe o estabelecimento de uma política fiscal consistente para os próximos anos, capaz de inverter o crescimento da relação dívida/PIB”, diz o texto.