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Brasil negocia primeiro embarque de milho para a China

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Estadão Conteúdos

Fontes do governo confirmam haver possibilidade de o Brasil embarcar o primeiro lote de milho para a China ainda este ano. Inicialmente havia a expectativa de que o cereal a ser enviado ao país asiático seria o da safra 2022/23, a ser plantado, mas os chineses precisam de milho antes. Para tanto, o Brasil precisa atender os requisitos de ordem técnica exigidos pela China, segundo um interlocutor que acompanhou a negociação. Esses critérios estão sendo analisados pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.

“O que vai definir se os embarques serão de milho desta ou da próxima safra é o cumprimento dos requisitos. As exportações não estão mais sendo negociadas do ponto de vista fitossanitário, mas há trâmites a serem cumpridos para a implementação do protocolo ainda nesta safra, como a habilitação dos estabelecimentos”, disse a fonte ao Estadão/Broadcast Agro.

De acordo com o interlocutor, a China concordou com a antecipação dos embarques da safra 2022/23 para milho produzido em 2021/22, abrindo mão do monitoramento de eventuais pragas que possam ter acometido as lavouras do cereal, em virtude da sua necessidade de suprimento. “Reforço o que disse o ministro: eles querem nosso milho ‘imediatamente’ e, por isso, cederam nas exigências”, afirmou a fonte.

Em reunião para apresentar os protocolos de exportação à China nesta sexta-feira, o governo sinalizou aos exportadores que os primeiros embarques de milho poderiam ser realizados ainda neste ano e que o governo chinês já teria emitido licenças para empresas exportarem milho a partir do Brasil. As empresas brasileiras têm até o dia 19 para manifestar interesse em exportar o cereal para a China junto ao ministério da Agricultura, que fará a avaliação das unidades e então concederá a habilitação.

Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, pelo protocolo, o governo brasileiro teria de fornecer orientações à cadeia para monitoramento das pragas que preocupam a China, mas não é possível fazer isso para o milho desta safra porque ele já foi colhido.

“O governo da China passou um informe ao governo brasileiro de que estava liberado nesta safra de cumprir todas as normas do protocolo. Mas, para 2023, terá de cumprir”, disse Silveira ao Estadão/Broadcast Agro.

Conforme o representante, pragas quarentenárias são uma preocupação em todo o mundo, mas o controle das 18 indicadas no protocolo é possível de ser feito. “No caso do milho a gente não vê problema nenhum: é capricho e não tem erro. Isso para nós não assusta.”

Silveira, que também já foi presidente da Aprosoja, destacou ainda a importância da exportação de farelo para a China. “Se a China comprar farelo, vamos poder aumentar capacidade de esmagamento”, disse.

Segundo ele, a China está cada vez mais preocupada em garantir o abastecimento para produção de carne suína, de aves e ovos. “Tem que ter farelo de soja e milho. A China está se antecipando, ainda mais agora com o estresse com os EUA, de quem comprava soja e tinham acordo para milho, e com a questão da Ucrânia”, disse. “Aqui no Brasil temos estabilidade como exportador.”