“Significa que 50 empresas diferentes vão se financiar no mercado local, independente de qualquer subsídio, para fazer basicamente investimento”, afirmou em evento do BTG na tarde desta quinta-feira, 18. Esse é um indício de que o setor privado conseguiu “desmamar” da estrutura anterior, onde o principal financiador era o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), argumentou o executivo.
A mudança do financiamento privado é reflexo da mudança da estrutura de juros no Brasil, ressaltou Esteves. Com isso, o juro neutro de equilíbrio do Brasil é de um dígito. “A taxa de juros civilizada é o maior impulsionador do investimento”, disse.
Ao falar da economia, Esteves argumentou que a piora fiscal no Brasil por causa do aumento de gastos com a pandemia foi muito menor do que nos países desenvolvidos.
Enquanto a dívida – seja líquida ou bruta – em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil subiu na casa dos 3 pontos porcentuais, em países da Europa e nos Estados Unidos, o salto foi muito maior, ao redor de 20 pontos, disse Esteves.
E mesmo com o ambiente mais adverso, o Brasil vai ter crescimento do PIB este ano e redução de desemprego, afirmou Esteves. “Não podemos esquecer que tivemos dois anos de pandemia.”
Programas sociais
O sócio do BTG disse ser defensor dos programas de transferência de renda, mas pontuou que eles precisam mirar as pessoas certas. “A gente não precisa economizar nesses programas, o Brasil tem capacidade fiscal para fazer isso”, afirmou. “Mas acho que o Brasil precisa usar os programas para ajudar a população da base da pirâmide a dar o próximo passo.”
Desafios
Já entre os desafios para o próximo governo, Esteves falou da educação e do meio ambiente. “Acho que a gente aqui ainda não entende a importância da questão ambiental a nível global.”
Cenário político
O sócio do BTG afirmou ainda estar “muito tranquilo” com a força das instituições brasileiras. E, ao contrário do que faz parecer a acirrada polarização e o discurso político inflamado nas redes sociais, acredita que a sociedade do Brasil está muito mais ao centro, seja o centro-direita ou centro-esquerda, do que nos extremos.
“Estamos institucionalmente equilibrados”, afirmou Esteves, no evento do BTG para discutir o cenário econômico e político no Brasil. “Fomos colocando tijolos institucionais que ao meu ver criaram um muro muito claro de proteção institucional para a sociedade”, comentou. “Acho que a sociedade do Brasil está muito mais ao centro do que as pessoas acham ou do que os grupos de internet nos enganam no dia a dia.”
Questionado sobre a governabilidade do próximo presidente, Esteves argumentou que é preciso que não ocorram avanços no terreno do outro. “Até que se invente alguma coisa melhor, o modelo de independência dos três poderes é o que melhor funciona. Agora, que tenha independência.”
Do ponto de vista institucional, a chance de alguém sozinho sentado na cadeira de presidente errar é muito maior do que 500 no Congresso errarem, argumentou Esteves. O avanço que precisa acontecer é um ganho de transparência na relação entre os poderes, completou. “Não acho que o arranjo está ruim.”