No primeiro trimestre, o BV registrou lucro líquido recorrente de R$ 388 milhões, um crescimento de 8,6% sobre o mesmo período de 2021 e 7,84% inferior ao quarto trimestre. O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 13,4%, ante 13,3% há um ano antes e abaixo dos 14,5% do quarto trimestre.
A carteira de crédito cresceu 5,6% em 12 meses, para R$ 76,2 bilhões no primeiro trimestre e a margem financeira bruta avançou 12,8%, para R$ 2 bilhões no mesmo período comparativo.
“Olhamos nosso balanço também pela ótica anual, dado que o quarto trimestre tem sazonalidade e lembrando que a margem bruta seguiu crescendo em dois dígitos, apesar do cenário mais desafiador”, disse o presidente do BV, Guilherme Ferreira, em conversa com o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Ferreira explica que o banco faz dois movimentos: de cautela nos negócios maduros e aposta nas novas avenidas de crescimento, onde estão o crédito para as pequenas e médias empresas (PMEs), crédito a partir de recebíveis, financiamento de energia solar, cartão do banco digital e na plataforma Open BV de Banking as a Service (BaaS). A carteira de crédito dos negócios em expansão já soma R$ 11,9 bilhões, com crescimento de 74,8% em relação ao primeiro trimestre de 2021 e já representa 16% do total da carteira do banco.
“Nossa estratégia de diversificação iniciada há alguns anos já atingiu escala e rentabilidade, o que foi fundamental frente ao cenário macroeconômico adverso e redução do mercado de veículos”, acrescentou.
O executivo diz que a demanda é tão grande nessas linhas que permite ao banco gerir de forma eficiente as carteiras do ponto de vista de avaliação de risco. “Mesmo que tivermos de apertar os padrões de risco para fazermos a concessão, para preservar o balanço da inadimplência, conseguimos produzir um volume de crédito que nos permite continuar crescendo”, explicou.
Entre os negócios maduros, como financiamento de veículos, a tônica deve seguir a mesma já adotada no quarto trimestre de cautela. Em veículos, particularmente, a originação de financiamentos recuou 18,5% no primeiro trimestre frente ao mesmo período do ano passado. Além da política mais conservadora de crédito, o setor como um todo registrou queda na demanda por automóveis usados de 24,7% no mesmo período comparativo, segundo a Fenabrave. A carteira de crédito encerrou o trimestre em R$ 41,3 bilhões, praticamente estável em relação ao ano anterior.
“Mantivemos o índice de cobertura para créditos duvidosos (PDD) acima da média histórica, dada o cenário ainda indefinido de inflação, alta de juro e, no segundo semestre, considerando a variável eleitoral”, pontuou. O índice de cobertura encerrou o primeiro trimestre em 221%, acima da média histórica anterior à pandemia de 170%.
Novas avenidas em números
O financiamento de painéis solares cresceu 162% na comparação anual, para R$ 3,1 bilhões. O crédito com veículo em garantia (CVG) cresceu 53,6% no mesmo período comparativo, para R$ 1,3 bilhão.
O banco digital viu sua base de clientes cresceu 155%, para 2,7 milhões de clientes, que entraram no BV por meio dos negócios maduros e da estratégia de cross sell com as avenidas de crescimento. O volume total transacionado (TPV) mais do que dobrou em 12 meses, para R$ 6,2 bilhões. Ainda no banco digital, a carteira de cartões de crédito teve expansão de 61,6%, para R$ 5 bilhões.
No segmento de pequenas e médias empresas, que tem como estratégia de expansão a antecipação de recebíveis, o saldo da carteira somou R$ 1,7 bilhão, incluindo a investida Trademaster, com crescimento de 47,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
Em Banking as a Service (BaaS) foram realizadas 93 milhões de transações, um aumento de 241% na comparação com o mesmo período de 2021. O serviço é oferecido por meio do BV Open, plataforma de APIs, que já tem 57 parceiros.