Ele disse que a falta de combate à prática, somada à elevada média de emissões de carbono, tem feito do País um pária no debate mundial. Bracher tem elevado o tom na causa ambiental, tema de seu interesse pessoal, em suas aparições públicas mais recentes.
“Com o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, o País reconhece que não há lei na Amazônia. O Estado renunciou ao direito de impor a ordem na região”, disse Cândido Bracher.
Ele lembrou que o desmatamento no bioma amazônico cresceu 70% nos últimos três anos, o que impacta em cheio a imagem do Brasil no exterior, muito mais que os vários problemas já conhecidos do País, como a violência e o excesso de burocracia e judicialização.
“O desmatamento faz manchetes no mundo todo. Esse é um problema brasileiro, mas está no centro do principal problema do mundo para as próximas décadas. E o Brasil está no centro disso”, afirmou.
Bracher disse que hoje há tecnologia para reduzir decisivamente as emissões mundiais de carbono, mas sempre deve restar uma quantidade de gás de efeito estufa a ser capturado, um volume que estimou em cerca de 50 milhões de toneladas de carbono ao ano. Para ilustrar o peso da Amazônia nesse jogo, ele lembrou que a floresta guarda 500 bilhões de toneladas de carbono. “Se a Amazônia queimar, é game over no combate ao aquecimento global”, disse.
O executivo defendeu, porém, que a reversão do cenário é factível, ao lembrar que o Brasil já teve êxito no combate ao desmatamento no passado.
“Isso pode ser rapidamente revertido, porque 46% das nossas emissões vêm de desmatamento. E já mostramos que é possível lidar com isso. Entre 2002 e 2012, reduzimos em 80% o desmatamento na Amazônia”, disse. Ele acrescentou, ainda, que o País tem 70 milhões de hectares de áreas degradadas que podem ser recuperadas, melhorando o balanço de carbono.
Por fim, Bracher lembrou que o Brasil é responsável por 4,5% das emissões mundiais de carbono, enquanto a população é pouco mais de 3% da mundial.
“Nossa média de emissão está quase 50% acima da média mundial. Isso ajuda a explicar porque somos cada vez mais considerados párias na discussão ambiental global. Um país com as nossas características (matriz energética limpa) emitindo 50% acima da média mundial é algo absolutamente inaceitável”, afirmou Bracher.