O Estado com maior déficit de recenseadores é o Mato Grosso, com apenas 51,2% do número de vagas preenchidas. Já Alagoas está com 99,6% dos postos ocupados.
O gerente técnico do Censo, Luciano Duarte, avalia que o instituto esteja enfrentando mais dificuldades de preencher as vagas nos Estados onde a taxa de desemprego é mais baixa.
“A gente acredita que seja uma consequência do mercado de trabalho”, opinou Duarte. “Os Estados com maior taxa de desocupação são os que o IBGE tem maior atratividade para o trabalho do Censo. Em Estados, em municípios, onde tem situação de quase pleno emprego, a gente tem desafios”, completou.
Os recenseadores contratados temporariamente têm se mobilizado por uma greve nacional em 1º de setembro, por melhores condições de trabalho. Eles se queixam do atraso nos pagamentos e dificuldades de serem recebidos pela população, entre outras demandas. O IBGE informou que estava trabalhando para mudar procedimentos operacionais e assim restabelecer os pagamentos em dia.
Duarte reconheceu que tem ocorrido casos de agressões e racismo da população contra recenseadores, mas que ainda são pontuais. “Tem acontecido, mas é pontual”, disse.
Segundo ele, a grande maioria dos moradores já visitados recebe o recenseador com hospitalidade. O IBGE também lamentou os casos de assaltos a recenseadores, alertando que os dispositivos de coleta que têm sido roubados não têm qualquer funcionalidade além da transmissão de dados para o IBGE.
“Temos casos de assaltos, estão levando dispositivo móvel dos recenseadores”, disse Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE. “Esclarecemos que aquilo não é aparelho telefônico. Roubar aquilo é roubar tijolo, é roubar lixo, não serve pra nada”, avisou. “Numa operação desse porte, a gente acaba lidando com situações adversas”, complementou Duarte.
Na manhã deste dia 30, o total de população recenseada era de 59.616.994. Segundo um balanço parcial divulgado pelo instituto, até segunda-feira, dia 29 de agosto, 58.291.842 pessoas haviam sido contadas em 20.290.359 domicílios brasileiros. Já foram contados 450.140 de indígenas (0,77%) e 386.750 quilombolas (0,66%). Até o momento, 47,8% da população recenseada eram homens e 52,2% eram mulheres.
Do total de pessoas recenseadas, 36,51% estavam na região Nordeste, 35,51% no Sudeste, 11,87% no Sul, 9,44% no Norte e 6,67% no Centro-Oeste. As equipes já estão trabalhando em 38,4% dos 452.246 setores censitários urbanos e rurais do País. O Estado com a coleta mais adiantada é o Rio Grande do Norte, com 53% dos setores sendo trabalhados, enquanto o Mato Grosso tem o menor porcentual, 21,81%.
Segundo o IBGE, 2,3% dos domicílios se recusaram a responder, porcentual considerado baixo e ainda sob expectativa de que seja reduzido até o fim da operação. “O índice final de recusa é muito baixo”, observou Cimar Azeredo.
O diretor de Pesquisas ressalta, porém, que o índice de recusa inicial “é muito alto”, o que dificulta o trabalho do recenseador e torna o processo de coleta “menos célere”. Azeredo pediu a adesão dos prefeitos para aumentar a publicidade e recepção da população ao trabalho do recenseador. “Precisamos que cada prefeito se torne anfitrião do recenseador”, disse Azeredo. “Os grandes protagonistas deste Censo são os recenseadores”, afirmou.
O balanço parcial mostra que 88,2% dos domicílios (17.697.415) responderam ao questionário básico e 11,8% (2.365.208) ao ampliado, o que o órgão diz ser consistente com a amostra pré-definida. O tempo mediano de preenchimento foi de 6 minutos para o questionário básico e de 18 minutos para o questionário ampliado.
A maior parte dos questionários, 99,7%, foi respondida de forma presencial. Apenas 34.055 domicílios optaram por responder pela internet e 30.202 pelo telefone.