No documento, que foi obtido pelo Broadcast, os funcionários em cargos de chefia apontaram riscos às entregas da agenda de inovação, a BC#, e das demais iniciativas estratégicas da casa.
Os servidores estão em greve desde 1º de abril, em busca de recomposição salarial e reestruturação de carreira, o que tem impactado diversos serviços e divulgações do BC, deixando o mercado “no escuro”. Na última sexta-feira, 3, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avisou aos sindicatos que não haveria reajuste salarial para o órgão, em consonância com o discurso atual do presidente Jair Bolsonaro.
Mas Campos Neto disse que seria enviada uma minuta de Medida Provisória ao governo com as pautas não salariais, que envolve a definição da carreira como típica de Estado, exigência de nível superior para o concurso para técnico do órgão, mudança do nome de cargo de analista para auditor e a criação da taxa de supervisão.
Na carta, porém, os chefes de Departamento pedem a “reinserção imediata da retribuição por produtividade institucional na minuta de MP e o patrocínio perseverante em seu trâmite”.
Eles destacam que a minuta apresentada não tem nenhuma medida que encaminhe a questão da recomposição salarial diante das perdas inflacionárias dos últimos anos e de “assimetrias existentes”.
Sem avanços nessa pauta, os servidores apontam que há riscos que podem impactar a capacidade de atração e retenção de pessoal e a produtividade dos servidores, “inviabilizando a gestão” do BC.
“A permanência deste cenário torna o clima insustentável, com impactos extremamente negativos nas atividades em geral e no operacional deste BCB. Ficam, assim, inviáveis as entregas da agenda BC# e das demais iniciativas estratégicas desta Casa”, completaram.
Diante da informação de que ficariam sem reajuste e da avaliação de que são necessários avanços na pauta não salarial, a categoria decidiu ontem manter a greve por tempo indeterminado. O presidente do Sindicato Nacional de Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, também informou que os servidores reduziram a demanda de recomposição salarial de 27% para 13,5%.