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CNI: Produtividade do trabalho na indústria cai pelo sexto trimestre consecutivo

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Estadão Conteúdos

A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira caiu 1,5% no primeiro trimestre do ano, na comparação com o último trimestre de 2021, na série livre de efeitos sazonais. O dado consta de estudo divulgado nesta sexta-feira, 29, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e este é o sexto trimestre consecutivo de queda do indicador, que atingiu o nível mais baixo da série desde o terceiro trimestre de 2012.

A produtividade do trabalho na indústria é medida como o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas na produção. No período, as horas trabalhadas cresceram 2,2% acima do aumento registrado pelo volume produzido, que foi de 0,8%, na comparação com os últimos três meses de 2021.

“A queda da produtividade no primeiro trimestre refletiu um crescimento das horas trabalhadas na produção acima do crescimento apresentado pela produção. Então, a produção não está acompanhando a recuperação que o mercado de trabalho vem apresentando”, afirma a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha. Ela explica que esse movimento tem a ver, principalmente, com o problema das cadeias produtivas e das interrupções que ocorrem na produção em razão do alto custo e da falta de insumos e matérias-primas.

“As economias estão se recuperando dos efeitos da pandemia e agora sofreram os impactos da guerra da Rússia com Ucrânia. Desde o início da pandemia, em 2020, o principal problema da indústria tem sido a falta de insumos e matérias-primas e o alto custo desses insumos”, acrescenta Samantha.

A perda acumulada de produtividade chega a 10% na comparação com o terceiro trimestre de 2020, última alta registrada pelo indicador, segundo a CNI. Essa queda se deve, segundo o estudo, a efeitos conjunturais, também vistos no indicador de produtividade global do trabalho.

Guerra

O estudo da CNI destaca que os impactos da guerra Rússia e Ucrânia intensificam as restrições de insumos para produção, afetando diversas cadeias produtivas, como de alimentos, eletrônica e automobilística, seja pelo desabastecimento ou aumento do custo de insumos. “Soma-se a isso os recentes lockdowns nos principais centros de manufatura e comércio na China, que tendem a agravar as interrupções de fornecimento nas cadeias produtivas”, destaca o documento.

A CNI aponta que, no Brasil, a preocupação com obtenção e custo de matéria-prima ganhou destaque na indústria a partir do segundo trimestre de 2020, diante dos efeitos da pandemia de covid-19. Em maio de 2022, mais de 40% das empresas industriais perceberam impactos negativos da guerra da Rússia e Ucrânia.

A expectativa da indústria é que a produtividade do trabalho na manufatura siga em queda ou fique estagnada enquanto persistirem os efeitos da pandemia e da guerra. “A produtividade do trabalho deve retornar ao patamar pré-pandemia passados esses efeitos da covid e da guerra e retornar para patamar de baixo crescimento que já vinha apresentando antes da pandemia. Para que ela consiga crescer a taxas mais altas e de forma sustentada, a gente precisa superar as ineficiências que prejudicam o investimento”, prevê Samantha.