Na véspera de divulgação dos resultados trimestrais da empresa, o bom desempenho de Vale (ON +2,22%) na sessão foi contraponto ao terceiro dia de perdas consecutivas para o Ibovespa, em retração de mais de 7 mil pontos para o índice desde o fechamento da sexta-feira. Nesta quarta, no menor nível desde 14 de outubro (112.072,34), a referência da B3 encerrou em baixa de 1,62%, aos 112.763,79 pontos, entre mínima de 112.577,15 e máxima de 114.625,59 pontos, correspondente à abertura. O giro financeiro foi a R$ 39,7 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o Ibovespa cede 5,97%, limitando o ganho do mês a 2,48% – no ano, sobe 7,58%.
Com as perdas desta quarta-feira, Petrobras (ON -1,82%, PN -2,45%) e Banco do Brasil (ON -3,54%) zeraram os ganhos que haviam acumulado na semana passada – agora, cedem respectivamente 12,85%, 13,28% e 14,70% na semana em curso. Na ponta negativa do Ibovespa na sessão, destaque para Locaweb (-10,12%), Magazine Luiza (-8,86%) e Positivo (-8,56%). No lado oposto, Weg (+8,36%), após resultados trimestrais, à frente de SLC Agrícola (+2,48%), Vale (+2,22%), Yduqs (+1,75%) e CSN (+1,63%).
“Entre as principais ações que compõem o Ibovespa, apenas Vale, Weg e Suzano (+1,48%) fizeram um pregão com ganhos mais expressivos e evitaram uma queda mais acentuada do índice”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. “O dólar continua ganhando espaço frente ao real (nesta quarta, +1,22%, a R$ 5,3817, máxima do dia no fechamento), o que reforça a percepção de aversão ao risco. A volatilidade esperada nessa reta final do processo eleitoral ganhou espaço e deve permanecer até a próxima semana, quando os mercados devem se acalmar”, acrescenta o analista.
O dia foi amplamente negativo para as ações de grandes bancos, com destaque para Santander (Unit -5,26%), após balanço trimestral – o setor financeiro é o de maior peso no índice. E, apesar de Vale, o desempenho das siderúrgicas, à exceção de CSN (ON +1,63%), contribuiu para impulsionar o ajuste negativo do Ibovespa ao longo da tarde: o índice vem descendo a ladeira desde que, no domingo, os tiros e as granadas do ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson desarrumaram a estratégia de recuperação da campanha governista nesta reta final da eleição.
“Não é uma semana para se posicionar. O book de negociação de ações está vazio e, numa situação assim, o índice fica mais suscetível a ir numa direção ou outra, a depender de um player mais relevante. Há quem seja mais sensível a atuar em cima de ‘trackings’, mas ainda existe muita dúvida sobre o resultado do próximo domingo. Então, essa cautela deve prosseguir nos próximos dias, caso não surjam notícias que mudem a percepção. Volatilidade é o que prevalece agora”, diz Edmar Oliveira, especialista de renda variável da One Investimentos.
Com base em análise técnica, ele nota que, com as perdas acumuladas até aqui na semana, Petrobras e Banco do Brasil devem mostrar alguma acomodação nas próximas sessões, na ausência de fatos novos que resultem em precificação. “Com BB ON a R$ 37,80, entra força compradora, que deve manter o papel entre R$ 38 e 39. Da mesma forma, Petrobras PN se segura acima dos R$ 30, tendendo aos R$ 33 com o interesse por compras”, acrescenta.
Nesta quarta, Petrobras PN fechou a R$ 32,71 e BB ON a R$ 38,11.