Com a expectativa unânime no mercado de nova alta de 1,50 ponto porcentual, conforme as 59 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, a Selic deve voltar aos dois dígitos, patamar que abandonou em julho de 2017, e registrar a maior taxa desde maio daquele ano (11,25%), ao chegar a 10,75%.
Se confirmada a expectativa do mercado, o processo de aperto monetário atual acumulará alta de 8,75 pontos porcentuais e será o mais forte desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o BC aumentou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só. O ciclo atual começou em março do ano passado, com os juros básicos da economia no piso histórico de 2%.
No Copom de dezembro, o colegiado garantiu que irá perseverar na estratégia de aperto monetário “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, preocupado com o aumento das projeções de inflação e o risco de descolamento da inflação em prazos mais longos.
Desde então, os dados de inflação corrente tiveram nova rodada de surpresas para cima e as expectativas de inflação de 2022 e 2023 voltaram a subir, com a mediana deste ano distanciando-se do teto da meta (5,00%).
No Relatório de Mercado Focus, que compila os cálculos do mercado financeiro, a projeção mediana para a inflação em 2022 está em 5,38%, indicando novo descumprimento do mandato principal do BC após o desvio de 4,81 pontos porcentuais em 2021. Para 2023, a expectativa está em 3,50%, superior ao objetivo central de 3,25%.
Além disso, o cenário externo para emergentes se deteriorou, com a postura mais dura do Federal Reserve (banco central dos EUA) no combate à inflação americana. Nesse contexto, a expectativa é grande no mercado pela sinalização dos próximos passos de política monetária no Brasil na reunião desta semana.
O Copom se reúne este mês com um membro a menos. Fabio Kanczuk, que era diretor de Política Econômica, deixou o BC em dezembro e seu substituto, Diogo Guillen, ainda não foi sabatinado no Senado.