A receita líquida somou R$ 8,245 bilhões entre janeiro e março, alta de 7,6% ante igual etapa do ano passado. Já o resultado financeiro correspondeu a uma despesa líquida de R$ 542 milhões, 348,1% maior, na base anual.
Segundo o diretor-presidente da empresa, Gustavo Estrella, o desempenho da companhia foi influenciado pelos reajustes tarifários e pela melhora no mix de vendas de energia na distribuição, com um aumento da participação das classes de baixa tensão, e também pelo crescimento do negócio de transmissão, com a consolidação da CPFL Transmissão. “Tivemos um aumento do braço de transmissão que trouxe um efeito importante para o grupo”, comentou o executivo, em entrevista ao Broadcast Energia.
Ainda sobre esse investimento, Estrella destacou a realização da oferta pública de aquisição de ações (OPA) da antiga CEEE-T, realizada em abril, resultando num investimento adicional de aproximadamente R$ 1,1 bilhão, além dos R$ 2,7 bilhões investidos na privatização, passando a controlar 99,26% da companhia.
“É um impacto muito positivo no projeto de crescimento da companhia, compramos 66% na privatização e agora praticamente mais um terço; essa operação endereça o crescimento da companhia de maneira positiva, porque é uma empresa que a gente já conhece e já tinha mapeado os desafios”, disse. Ele salientou que o aumento da participação não estava considerado no business plan.
Investimentos
Os investimentos orgânicos também foram destaque no primeiro trimestre. De janeiro a março, os investimentos da CPFL totalizaram R$ 1,2 bilhão, alta de 74% em relação ao primeiro trimestre de 2021. A aceleração reflete o programa agressivo de investimentos para este ano, de quase R$ 5 bilhões.
Estrella explicou que realizar os desembolsos no começo do ano era um desafio, por conta disseminação da variante da covid-19 Ômicron pelo País, mas era uma questão estratégica, tendo em vista a importância da execução de todo o investimento planejado para 2022.
Os valores estão muito concentrados no segmento de distribuição, tendo em vista o atual momento do ciclo tarifário das concessionárias, que se encontram no último ano antes das revisões tarifárias, marcadas para 2023.
No primeiro trimestre, distribuição recebeu aportes de R$ 975 milhões, sendo investidos em obras que ampliam sua base de ativos para trazer mais qualidade e confiabilidade aos serviços. Transmissão recebeu investimentos de R$ 172 milhões, e outros R$ 62 milhões foram destinados ao segmento de geração para a construção da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Cherobim, e nos planos de recuperação e manutenção de parques e usinas.
Dívida
A CPFL encerrou março com dívida líquida de R$ 21,2 bilhões, 40,3% maior que a verificada um ano antes, mas a alavancagem se manteve em 2,03 vezes dívida líquida/Ebitda. “É um nível de alavancagem muito confortável, já que nosso covenant financeiro é 3,75 vezes, então rodamos a companhia, depois de todos esses investimentos novos e das aquisições, depois do pagamento de dividendos em 2x dívida líquida/Ebitda”, disse.
No entanto, ele salientou que a CPFL sofreu com o aumento do custo da dívida, para 13,2%, tendo em vista o aumento da taxa básica de juros, uma vez que 70% da dívida da companhia é indexada à Selic.