Segundo a Abicom, além da alta do câmbio, que opera em patamar elevado, pressionando os preços domésticos dos produtos importados, a oferta apertada do produto segue pressionando os preços futuros. No momento, futuros do Brent são negociados em torno dos US$ 106 por barril.
O Brasil importou 25% de todo o diesel que consome em 2021 e as perspectivas são de repetir o volume este ano, devido à limitação do parque de refino.
Segundo o sócio da Leggio Consultoria, Marcus D’Ellia, em live na noite de terça na agência epbr sobre o downstream brasileiro, existe uma grande preocupação em relação ao déficit de diesel no País, enquanto a gasolina segue com uma defasagem menor em relação ao mercado internacional, e não sofre risco de desabastecimento como o diesel.
“Quando se olha o ciclo diesel, essa é a grande preocupação. 25% da demanda é um gap importante e não se vê investimentos no País para suprir esse déficit. É muito difícil justificar investimentos de um combustível que tem data de validade”, avaliou D’Ellia, referindo-se à transição energética que prevê a redução do consumo de petróleo nos próximos anos. “Quando a gente olha o Brasil, a demanda de gasolina começa a cair em 2038, mas o diesel tem um horizonte maior, e, 2040. Ou seja, você vai ter uma demanda crescente até 2040”, informou.
Apesar do acordo entre a Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para quebrar o monopólio do refino, em troca da suspensão de processos contra a estatal, apenas uma refinaria foi vendida, na Bahia, rebatizada de Refinaria de Mataripe, controlada pela Acelen, braço do fundo de investimentos árabe Mubadala.
A defasagem do preço dos combustíveis no mercado brasileiro é um dos fatores que têm impedido a venda das refinarias. O último aumento concedido para o diesel pela Petrobras foi no dia 11 de março, de 24,9%. No mesmo dia, a gasolina foi reajustada em 18,7%.
Desde que assumiu a refinaria baiana, a Acelen tem feito reajustes de preços quase semanais e a defasagem medida no porto de Aratu é menor do que a registrada na média do País.
Enquanto nos portos de referência da Petrobras a defasagem chega a 27% (Itaqui e Suape), na Bahia é de 17%. A empresa está investindo R$ 500 milhões para modernizar e ampliar a produção da unidade.