Considerando os resultados dos últimos meses e os sinais de que o quadro não deve se alterar significativamente no último bimestre, no final do ano deverá ser registrado um déficit recorde, da ordem de US$ 45 bilhões, superando em muito as anteriores projeções da própria Abiquim desse indicador.
Até dezembro, as importações deverão totalizar US$ 59,2 bilhões, ao passo que as vendas externas US$ 14,2 bilhões, aumentos de respectivamente 43,1% e 29,3% em relação ao ano de 2020. Em termos de volumes, por sua vez, deverá ser registrado recorde em quantidades importadas, de praticamente 61,3 milhões de toneladas, e uma movimentação de 16,5 milhões de toneladas exportadas, respectivamente aumentos de 18,9% e de 12,9%, na mesma comparação com o ano passado.
Em todos os grupos de produtos acompanhados foram registrados fortes aumentos de quantidades importadas, em especial de resinas e elastômeros (32,7%) e de inorgânicos (19,1%) e orgânicos diversos (12,5%), totalizando 49,7 milhões de toneladas, até outubro, adquiridas a preços médios gerais 20,3% superiores àqueles de igual período de 2020. As exportações, por sua vez, tiveram, até outubro, aumento 8,7% (de 12,1 milhões para 13,2 milhões de toneladas) nas quantidades totais expedidas aos parceiros comerciais brasileiros. Contudo, vários foram os grupos em que foram registradas quedas das quantidades vendidas ao exterior, como resinas termoplásticas (12,5%), petroquímicos básicos (2,5%) e aditivos de usos industriais diversos (1,4%).
Em outubro, especificamente, o Brasil importou US$ 6,2 bilhões em produtos químicos, valor que pela segunda vez em todo o histórico do acompanhamento da balança comercial supera a marca de US$ 6 bilhões. De maneira inédita, em termos de quantidades, se atingiu o patamar de 6,1 milhões de toneladas adquiridas em um único mês, número 4,5% maior do que em setembro e 31,9% superior ao de outubro em 2020.
Para o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, os rumos da política comercial brasileira e regional precisam urgentemente ser recalibrados para dar a segurança jurídica e a estabilidade de ambiente de negócios indispensáveis para que o Brasil e o Mercosul consigam atrair investimentos produtivos capazes de estabelecer o equilíbrio necessário para a sustentabilidade da recuperação da atividade econômica e geração de empregos e renda.
“A insistência em uma crescente agenda de cortes tarifários unilaterais, por meio de fundamentos normativos que contornam a própria base legal do Mercosul, atrapalha o investidor e compromete a atração de capital produtivo”, afirma Marino.