Na quinta-feira, 28, a Petrobras anunciou distribuição recorde de dividendos, utilizando recursos de geração de caixa, desinvestimentos e da assinatura do acordo de coparticipação dos Campos de Sépia e Atapu.
A estatal também divulgou na noite de ontem o seu desempenho financeiro no segundo trimestre, um lucro líquido de R$ 54,3 bilhões, o segundo maior lucro trimestral da companhia. O lucro líquido no semestre, de R$ 98,9 bilhões, cresceu 124,6% contra igual período do ano anterior, porém a Fup observa que os investimentos em exploração e produção (E&P) caíram 14,7%, em dólar, na comparação semestral.
“O dividendo deste trimestre e os R$ 48,4 bilhões registrados no primeiro trimestre somam R$ 137,1 bilhões no semestre do ano, o que representa mais do que o ano passado todo e supera os dividendos pagos para um ano inteiro ao longo da história da Petrobras”, disse o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, em nota. Ele observa que a Petrobras ainda vai distribuir o resultado do terceiro trimestre neste ano, o que pode levar os dividendos do ano a R$ 200 bilhões.
“É um escárnio, uma verdadeira festa de fim de governo. Festa da ilha fiscal 2”, afirma Bacelar. Para o sindicalista, a política de “gordos dividendos” é uma perversa forma de concentração de renda, que beneficia sobretudo acionistas privados. Os acionistas estrangeiros ficam com a maior parcela, 44,8% do total dos dividendos distribuídos.
O dirigente da FUP observou ainda, que “o aumento das receitas de vendas dos derivados no mercado interno, decorrente da alta dos preços reajustados pelo PPI, foi o principal fator dos elevados lucros operacionais da Petrobras no segundo trimestre e nos primeiros seis meses do ano. O superlucro e a escalada da inflação caminham juntos”, avalia.