Mas o ajuste perdeu força e a moeda passou a cair de forma moderada, reagindo ao comunicado mais conservador que o esperado do Copom, exatamente quando se pensava que o comitê iria suavizar o tom por causa da atividade fraca mostrada pelo PIB do 3º trimestre, produção industrial e vendas no varejo. Um viés de baixa dos retornos dos Treasuries longos nos EUA também é monitorada pelos investidores.
A sinalização do Copom é de que a Selic pode voltar ao patamar de dois dígitos, com nova alta “da mesma magnitude” no próximo encontro, em fevereiro – quando a taxa chegaria a 10,75% – deixando ainda a porta aberta para novos ajustes do mesmo tamanho ou diferente nas reuniões seguintes, a depender do rumo da inflação e das expectativas do mercado.
Na noite desta quarta-feira, o Copom fez nova elevação da Selic em 1,5 ponto porcentual, de 7,75% para 9,25% ao ano, como era esperado pelo mercado. Agora, a Selic está em seu maior patamar desde setembro de 2017, depois de o BC ter promovido, em 2021, o maior choque de juros em quase 20 anos.
Alguns agentes de câmbio acreditam que a perspectiva de aumento do diferencial de juros interno ante as taxas praticadas no exterior pode atrair capital estrangeiro ao País, em cenário de possível adiamento da alta de juros pelo Banco da Inglaterra, de dezembro para fevereiro, por causa das incertezas com a variante Ômicron da covid-19.
Ontem, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou novas restrições na Inglaterra para conter a nova cepa. E um estudo mostra que a Ômicron é 4,2 vezes mais transmissível em seu estágio inicial do que a delta
A queda frente o real é limitada pelo dólar forte no exterior. No radar dos investidores está ainda a declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que os deputados não têm “nenhuma obrigação” de aprovar a vinculação do espaço fiscal de R$ 106,1 bilhões em 2022 aberto pela PEC dos Precatórios ao Auxílio Brasil e a despesas previdenciárias, incluída pelo Senado.
Às 9h33 desta quinta-feira, o dólar à vista caía 0,25%, a R$ 5,5202. O dólar futuro para janeiro recuava 0,23%, a R$ 5,5485.