No foco local está a sanção do Orçamento de 2022 com veto de R$ 3,1 bilhões, bem abaixo do valor sugerido pelo Ministério da Economia, de R$ 9 bilhões em despesas obrigatórias neste ano. O presidente Jair Bolsonaro sancionou a verba de R$ 1,7 bilhão para o reajuste de servidores públicos federais no Orçamento, recurso negociado para atender os policiais federais, grupo estratégico para Bolsonaro em ano eleitoral, o que deve manter elevada a tensão de demais servidores por reajustes.
O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), por exemplo, já confirmou na última sexta-feira que a categoria fará uma nova paralisação na manhã de 9 de fevereiro. Além disso, a entidade avisou que poderá entrar em greve por tempo indeterminado a partir de 9 de março, caso não haja uma resposta concreta do governo na primeira quinzena de fevereiro.
Também seguem no radar dos mercados as negociações para baixar os preços dos combustíveis, cuja proposta contorna a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ao zerar impostos dos combustíveis e energia elétrica sem contrapartida de geração de receita por outra fonte. Ainda assim, tributaristas ouvidos pelo Estadão/Broadcast avaliam que não deve esbarrar em restrições legais. A PEC também deve incluir a autorização para os governos estaduais reduzirem o ICMS dos combustíveis sem terem que subir o imposto de outros produtos.
Embora seja medida desinflacionária, poderá ter forte impacto fiscal, afirmam profissionais do mercado. Na sexta-feira, os mercados de juros e câmbio já subiram precificando em parte expectativas de deterioração fiscal.
A XP Investimentos calcula que, se a ideia for adiante, tem potencial de tirar R$ 65 bilhões dos cofres do Tesouro Nacional. Se todos os Estados encampassem essa desoneração, a perda de receitas subiria a R$ 240 bilhões. A projeção é de déficit de R$ 105 bilhões em 2022, que subiria caso a desoneração seja aprovada. Por outro lado, a inflação cairia 4,2 pontos, de 5,2% para 1%, calcula a XP. Parlamentares admitem apoio à PEC, mas classificam a medida como eleitoreira e que visa pressionar os governadores a reduzirem o ICMS, imposto cobrado pelos Estados.
Na pesquisa Focus, do Banco Central, o mercado projeta manutenção do cenário da moeda norte-americana em 2022. A estimativa para o câmbio continuou em R$ 5,60, mesma cotação estimada há quatro semanas. Para 2023, passou de R$ 5,46 para R$ 5,50, de R$ 5,40 de um mês antes.
No câmbio, o Banco Central já deixou programado para hoje dois leilões de rolagem de vencimentos de linha de fevereiro, de US$ 1,5 bilhão, das 10h30 às 10h35, e outro de swap cambial de março, de US$ 850 milhões, às 11h30. A taxa de câmbio a ser utilizada na venda de linha será a da Ptax das 10h. Essas operações tendem a evitar demanda extra por dólar no mercado, aliviando um pouco a volatilidade cambial.
Lá fora, a moeda americana opera com valorização em ambiente de busca de proteção, que deixa os juros dos Treasuries em baixa e seus preços em alta e também enfraquece as bolsas internacionais e o Ibovespa futuro. A expectativa é de que o Federal Reserve mantenha os juros nesta semana, mas sinalize possível inicio do aperto monetário para março. O investidor também monitora os desdobramentos das tensões entre Ucrânia e Rússia.
Às 9h26 desta segunda, o dólar à vista subia 0,49%, a R$ 5,4821. O dólar futuro para fevereiro avançava 0,28%, a R$ 5,4890.