Este quadro se reproduz no Ibovespa, o que tende a levar o indicador para uma quarta sessão consecutiva de baixa e ampliando a perda semanal. Até agora, cai cerca de 2,8% na semana, depois de subir 1,30% na passada. Para completar, tem vencimento aqui e nos Estados Unidos, o que pode chamar para instabilidade.
“Os mercados operam com cautela e registram perdas nesta manhã. Os investidores têm monitorado os dados de atividade e inflação dos Estados Unidos, à espera da decisão de política monetária do Fed na próxima quarta-feira”, cita em nota o Bradesco.
Contudo, há instantes, o Ibovespa reduziu o ritmo de queda e cede menos do que a maioria das bolsas americanas, retomando os 109 mil pontos. Por lá, o Nasdaq tem a maior retração, perdendo cerca de 1,5%.
“A conjuntura macro do Brasil está bem descolada da vista na Europa e nos Estados Unidos”, avalia Felipe Moura, analista de investimentos da Finacap, lembrando do recuo do IGP-10 informado hoje, que mostrou queda, e da alta do IBC-Br, divulgada ontem.
Em meio a temores crescentes com recessão nos Estados Unidos, o alerta da FedEx sobre dificuldades financeiras reforça a cautela antes do Fed, na quarta-feira. “Hoje acaba sendo uma continuidade do mau humor que começou no início da semana com o CPI aumento da inflação ao consumidor divulgado na terça pior do que o esperado nos Estados Unidos”, diz Moura.
Conforme acrescenta o analista da Finacap, as perdas sugerem que nenhum investidor “quer ficar comprado no fim de semana, que vai esperar o Fed, que deve vir com postura dura”, completa Moura.
O Bradesco espera que a autoridade monetária norte-americana eleve as taxas de juros em 0,75 ponto porcentual, “a terceira consecutiva dessa magnitude”. Porém, cita que há um receio nos mercados de que o Fed possa adotar um tom ainda mais duro.
Neste cenário de cautela, a valorização do petróleo e o crescimento das vendas no varejo e da produção industrial na China, em agosto, indicando recuperação do gigante asiático, são insuficientes para impedir queda do Ibovespa.
Para o Bradesco, nem mesmo os dados de atividade de agosto da China, melhores do que o esperado, conseguem reverter o ambiente de preocupação com a postura que será adotada pelo Fed e o temor de recessão global.
Na zona do euro, a taxa anual de inflação ao consumidor atingiu nova máxima histórica de 9,1% em agosto, ao acelerar de 8,9% em julho. O resultado veio dentro do esperado por analistas.
Além disso, a agenda escassa e os vencimentos de opções sobre ações na B3 e quádruplo em Nova York podem ser chamarizes para mais um dia de instabilidade como na véspera. Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,54%, aos 109.953,65 pontos depois de um sobe-e-desce danado.
Ao mesmo tempo, o recuo maior do IGP-10 em setembro, de 0,90%, ante mediana das estimativas de deflação de 0,60%, após recuo de 0,69% em agosto, ampara algum alívio entre os investidores. A retração pode resvalar estimativas de que o ciclo de alta da Selic está mesmo perto do fim, o que pode ser reforçado no Copom na semana que vem.
Além de temores recessivos e inflacionários mundiais, há questões locais. Como menciona o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o mercado acompanha o estado de saúde do presidente da Petrobras, Caio de Andrade, em tratamento contra um carcinoma, mas continuando na gestão da empresa.
Às 11h15, o Ibovespa caía 0,66% (109.204,69 pontos), após recuar 1,33%, na mínima aos 108.488,90 pontos. Vale passava a subir (0,31%), enquanto Petrobrás diminuía a queda, com PN cedendo 0,74% e ON recuando 0,40%.