Trata-se da segunda aquisição da XP em menos de uma semana, após anunciar a compra de uma fatia minoritária relevante da Suno, até então uma das poucas casas de análise ainda independentes do mercado. Agora, com a compra do banco, a XP ficará ainda com a Eleven Financial, comprada pelo Modal no início do ano passado. As ações do banco, que vinham depreciadas na Bolsa desde sua abertura de capital no ano passado, chegaram a subir 50% no pregão de ontem.
Essa aquisição, contudo, é um passo fora do mundo dos investimentos. O foco da aquisição está em produtos bancários, onde o Modal possui mais experiência que a XP, nicho em que a instituição financeira tem trabalhado mais recentemente para crescer, incluindo o lançamento recente de cartão de crédito aos clientes. “O Brasil tem um dos setores financeiros mais concentrados do mundo e, juntos, seremos ainda mais competitivos em relação aos bancos tradicionais”, disse o presidente da XP, Thiago Maffra.
Relatório assinado pelo Citi ontem corrobora essa visão. Segundo a análise, a XP tem forte posição no mercado de investimento, mas essa não é a mesma realidade se tratando dos serviços bancários. “Acreditamos que a XP esteja apenas arranhando a superfície do mercado de crédito, pagamentos, seguros”, diz o Citi.
Mais clientes
A XP afirma que, junto com o Modal, terá um total de 3,8 milhões de clientes ativos e uma receita líquida combinada nos últimos 12 meses, até setembro de 2021, de R$ 11,8 bilhões. A companhia aponta que, hoje, os cinco grandes bancos do País possuem 457 milhões de relacionamentos bancários no total e uma receita de R$ 427 bilhões. Com isso, a XP aponta mais uma vez os grandes bancos como os principais concorrentes.
Pelo acordo, o banco Modal seguirá independente e com sua operação segregada da XP, apesar de passar a utilizar sua infraestrutura e tecnologia. A previsão é de que o negócio seja concluído em até 15 meses. Serão necessárias as aprovações do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Aval de sócio
O Credit Suisse, dono de 16% do Modal, apoiou a transação. “Prevemos que essa combinação entre as empresas nos proporcionará novas oportunidades para servirmos mais clientes com as ferramentas de que eles necessitam para atingir os seus objetivos financeiros”, afirmam os copresidentes do Credit Suisse, Ivan Monteiro e Marcello Chilov.
A possibilidade de a XP avançar na compra de corretoras foi aberta depois que o Itaú Unibanco se desfez de sua participação acionária na empresa, quando distribuiu suas ações aos seus acionistas (a Itaúsa, por exemplo, se tornou um importante acionista da XP). Isso ocorreu porque, na época em que o BC deu sinal verde para o Itaú comprar uma fatia de 49% da XP, vetou novas compras pela plataforma até 2026. A restrição deixou de existir com a saída do Itaú.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.