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Empresas de alimentos usam prêmios como ferramenta para ganhar cliente

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Estadão Conteúdos

O azeite de oliva Sabiá foi eleito, no fim de abril, em um dos mais conceituados prêmios internacionais de azeite, como um dos dez melhores do mundo. Em dois dias, a empresa recebeu mais de mil pedidos. “O impacto nas vendas foi muito grande. As vendas explodiram, e quase 80% das pessoas que fizeram a primeira compra estão comprando pela segunda vez”, diz Bia Pereira, sócia da marca ao lado do marido, Bob Vieira da Costa.

O negócio de azeites, lançado em 2020, já acumula mais de 40 prêmios internacionais, rendendo uma grande vitrine para os empreendedores. Assim como o azeite Sabiá, outros pequenos negócios de alimentação de alta qualidade chamam a atenção pelos prêmios. É o caso do chocolate Mission, que começou a participar de concursos em 2017 e reúne 50 premiações, e o da cerveja Dádiva, que desde 2016 acumula 33 distinções. Em comum, a visão de negócio é a mesma: usar os prêmios como uma chancela da alta qualidade dos produtos e se diferenciar no mercado consumidor.

Para Arcelia Gallardo, fundadora da Mission Chocolates, esse foi o objetivo ao começar a participar dos principais prêmios globais de chocolates, como o International Chocolate Awards Americas (Nova York) e o Academy of Chocolate (Londres). “Para o consumidor, é muita marca no mercado. Como saber qual é a boa barra de chocolate? Mesmo nós, chocolateiros, seguimos os premiados porque eles já foram avaliados. Como consumidores, gostamos de uma indicação. Então, quando você disputa espaço numa loja, vale quando você é premiado.”

Luiza Tolosa, da cervejaria Dádiva, também mira a participação em prêmios em favor da visibilidade da marca. “Quando você é muito pequeno, uma validação externa ajuda a dar reconhecimento. Quando entramos no mercado, havia cerca de 200 cervejarias registradas e hoje são mais de mil”, diz, evidenciado a concorrência de marcas.

Para Luiza, que costuma participar do World Beer Awards (Londres) e do Festival Brasileiro da Cerveja (Blumenau), há uma forma de rentabilizar o concurso de forma imediata, na sequência da premiação, que leva clientes ao produto pelo barulho da divulgação. Mas, a longo prazo, é preciso viabilizar outras estratégias. “Se você consegue levar o prêmio para a lata, para o rótulo, você ajuda o consumidor a tomar uma decisão na frente da prateleira.”

Qualidade

E por que pequenas empresas são capazes de alcançar reconhecimentos por alta qualidade e empresas maiores em geral não? Segundo Bob, que cultiva azeitonas na Serra da Mantiqueira e no Sul, o controle rígido de produção, acompanhado de perto pelo dono, do cultivo à embalagem, fortalece pequenos negócios artesanais.

No caso do Sabiá, isso inclui colheita à mão, cadeia refrigerada, além de encurtamento do tempo entre colheita e extração para evitar a oxidação das azeitonas.

No ramo dos chocolates, Arcelia aponta que, além de a indústria usar um produto inferior (o cacau commodity), as diferenças constantes nas safras levam à padronização. “A indústria coloca bastante aromatizante, com torra alta para matar os sabores ruins (de cacau inferior), mas daí mata tudo, e você precisa entupir o produto de açúcar.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.