“As incertezas sobre os efeitos do conflito na Europa que já se faziam sentir em março se intensificaram em abril, com impactos na cadeia de suprimentos que tendem a intensificar a elevação generalizada de preços na grande maioria dos países”, diz a nota da FGV.
As quedas nos dois indicadores sinalizam perda de fôlego na recuperação da economia, “mesmo no setor de serviços que tem sido beneficiado pelo relaxamento das restrições de mobilidade no contexto do abrandamento da pandemia”. Para piorar, o avanço no número de casos de covid-19 na China e a reação do governo chinês, com a decretação de rígidos lockdowns, “aumenta o contexto de incerteza sobre a evolução do nível de atividades nos próximos meses”, continua o texto da FGV.
No Barômetro Coincidente Global, que procura acompanhar o ritmo da atividade econômica, a região da Ásia, Pacífico & África contribuiu negativamente com 3,7 pontos para a queda de abril, 61% do recuo agregado. O Hemisfério Ocidental contribui com apenas -0,5 ponto, enquanto a Europa tirou 1,9 ponto da variação agregada.
“A queda dos indicadores regionais reflete uma revisão das avaliações correntes sobre o crescimento econômico global, frente à piora do cenário pandêmico na China e ideia de risco contínuo da Covid-19, além da deflagração do conflito Rússia-Ucrânia e seus primeiros impactos na economia”, diz a nota da FGV.
Além disso, todos os indicadores setoriais coincidentes também recuam em abril. “A maior queda vem dos setores da Indústria e da Construção, que cedem mais de 8,0 pontos na margem, seguidos do Comércio, com queda de 6,2 pontos. Com o resultado, três dos cinco indicadores setoriais estão agora abaixo do nível médio histórico de 100 pontos”, diz a FGV.
No Barômetro Antecedente Global, que mede as perspectivas de crescimento econômico nos próximos de três a seis meses, a Europa contribuiu negativamente com 6,0 pontos, ou 95% da variação agregada. O indicador para a Europa ficou em abril no menor nível desde julho de 2020 (68,3 pontos). O Hemisfério Ocidental contribuiu com apenas -0,5 ponto, enquanto o indicador da Ásia, Pacífico & África cresceu e contribui, modestamente, na direção oposta, em 0,2 ponto.
“O resultado sugere que as expectativas de crescimento para os próximos meses foram fortemente revisadas, com o aumento do pessimismo após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia”, diz a nota da FGV.
Na análise setorial, em abril de 2022, houve queda em praticamente todos os indicadores antecedentes. A construção foi a única exceção. A indústria recuou em mais de 12 pontos para, 87,3 pontos, menor nível desde julho de 2020 (82,7 pontos).
“Além dos problemas já existentes nas cadeias de suprimentos industriais em diversos países, o prolongamento do conflito na Europa adiciona ainda incertezas sobre o desempenho do setor. Nos demais segmentos, o impacto até momento ocorre em menor magnitude”, diz a nota da FGV.
Calculados em parceria com o Instituto Econômico Suíço KOF da ETH Zurique, e divulgados no Brasil pela Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, os dois indicadores são formados a partir dos resultados de pesquisas de tendências econômicas realizadas em mais de 50 países. O objetivo é alcançar a cobertura global mais ampla possível. O Barômetro Coincidente inclui cerca de mil séries temporais diferentes, enquanto o Barômetro Antecedente compreende em torno de 600 séries temporais.