“Após quatro meses de alta, a confiança dos consumidores acomoda em patamar próximo ao período pré-pandemia. O resultado apresenta uma mudança de comportamento observado até o momento: com melhora das avaliações sobre o momento atual influenciada pelos consumidores de menor poder aquisitivo e uma revisão das expectativas para os próximos meses dos consumidores com maior poder aquisitivo. É possível que esse resultado esteja sendo influenciado pelo efeito das transferências de renda, redução da inflação pelo terceiro mês consecutivo e crescimento dos postos de trabalho. Apesar do resultado mais favorável para as classes de renda mais baixa, o endividamento das famílias e as taxas de juros mais elevadas limitam uma recuperação mais robusta”, avaliou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Em outubro, o Índice de Situação Atual (ISA) cresceu 1,2 ponto, para 74,5 pontos. O Índice de Expectativas (IE) recuou 1,5 ponto, para 98,7 pontos, após quatro altas seguidas.
A percepção sobre a situação econômica geral no momento atual subiu 0,8 ponto, para 83,1 pontos, maior nível desde fevereiro de 2020 (85,5 pontos). Já a avaliação sobre a situação financeira da família avançou 1,6 ponto, para 66,5 pontos, “nível ainda extremamente baixo”.
Entre os componentes das expectativas, o quesito que mais contribuiu para a queda no mês foi o que mede o otimismo das famílias com a evolução da situação financeira nos próximos seis meses, com recuo de 2,7 pontos, para 98,1 pontos, após acumular alta de 19,5 pontos nos quatro meses anteriores. O componente que mede o grau de otimismo com a situação econômica geral caiu 0,2 ponto, para 115,2 pontos. A intenção de compra de bens duráveis caiu 1,4 ponto, para 83,0 pontos.
A análise por faixa de renda mostrou que o resultado negativo foi influenciado pelos consumidores com maior poder aquisitivo. Entre as famílias com renda de R$ 4.800,01 a R$ 9.600,00, a confiança caiu 6,8 pontos, para 91,5 pontos. No grupo que recebe acima de R$ 9.600,01 mensais, o indicador caiu 3,1 pontos, para 91,5 pontos. Já para os consumidores com renda até R$ 2.100,00, a confiança subiu 8,3 pontos, para 84,6 pontos, e no grupo que recebe entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00 mensais, houve alta de 4,7 pontos, para 86,4 pontos.
A Sondagem do Consumidor coletou entrevistas entre os dias 1º e 20 de outubro.