Na última sessão de janeiro, tendo se mantido descolado de Nova York na semana passada, o Ibovespa parecia que emendaria o segundo ajuste negativo, moderado como o anterior e também na contramão do sinal visto no exterior nesta segunda-feira. Depois das 16 horas, firmou-se em leve alta acompanhando S&P 500 e Nasdaq, que acentuavam retomada na sessão. Assim, a referência da B3 obteve nesta segunda ganho de 0,21%, a 112.143,51 pontos, tendo chegado aos 113 mil pontos na máxima intradia do mês, na última quinta-feira, no que foi seu melhor nível desde 19 de outubro passado.
O mês foi de recuperação na casa de dois dígitos para ações e setores de peso no índice, como Petrobras (ON +14,89%, PN +13,71%) e bancos (Itaú PN +21,02%, Bradesco PN +18,81%), que acumulavam descontos e costumam estar entre os preferidos do investidor estrangeiro, pela elevada liquidez.
Na sessão, destaque para Azul (+7,99%), Banco Pan (+7,58%), Gol (+7,52%) e CVC (+5,93%), parte dos quais com exposição a dólar, beneficiados nesta segunda pela queda de 1,56%, a R$ 5,3059, na moeda americana à vista. Na face oposta, Vale ON (-3,33%, na mínima do dia no fechamento), JBS (-2,69%) e CSN Mineração (-2,38%), em dia no qual o minério caiu mais de 6% em Cingapura, após desaceleração em janeiro no índice de atividade (PMI) oficial da indústria na China.
Nesta segunda-feira, em abertura de semana que tem como ponto alto a reunião do Copom, o Ibovespa oscilou entre mínima de 111.194,57 e máxima de 112.678,44 (+0,69%), renovada na reta final da sessão, com giro a R$ 32,8 bilhões. Ao longo da tarde, oscilou em torno da linha que demarca a estabilidade, sem firmar direção até que veio a acentuação de ganhos em Nova York, com os índices amplo e de tecnologia buscando mitigar as perdas que se acumularam no mês.
“Em fevereiro, o investidor seguirá calibrando expectativas com o Federal Reserve, que já promete a primeira alta de juros em março, sinaliza que mais estão por vir e deixa em aberto o início do movimento de enxugamento de seu balanço em ‘dois ou três’ encontros do FOMC (o comitê de política monetária do BC americano)”, observa em nota a Guide Investimentos.
“Parece que o Fed lutará para chegar a um consenso claro sobre quão agressiva será a decolagem de março, então a agressiva ‘buy the dip’ não acontecerá tão cedo. As condições econômicas ainda parecem boas este ano, mas o reposicionamento sobre as avaliações e as preocupações com o crescimento provavelmente manterão a volatilidade elevada no curto prazo”, diz Edward Moya, analista da OANDA, em Nova York, em nota.
Aqui, o relatório Focus desta semana trouxe, pela manhã, avanço na projeção de inflação do ano, de 5,15% para 5,38%, enquanto a do PIB teve leve aumento, de 0,29% para 0,30%, e a expectativa para a Selic se manteve em 11,75%, aponta a Nova Futura Investimentos.
Além da deliberação do Copom, na quarta-feira, o mercado estará atento, a partir de terça, ao início da temporada de balanços no Brasil, referentes ao quarto trimestre de 2021.
“Em relação ao mesmo período de 2020, o mercado espera uma queda do Lucro por Ação (LPA) das empresas do Ibovespa em 15,1%, pela piora do cenário macroeconômico, comparado com um início consistente de recuperação econômica no final de 2020, e uma queda nos preços das commodities”, escrevem em relatório Fernando Ferreira, head de research, Jennie Li, estrategista de ações, e Rebecca Nossig, analista de estratégia de ações da XP Investimentos. “Em relação ao Lucro Operacional (Ebitda) das empresas, o mercado espera 18,6% de crescimento. E para a receita, o consenso espera uma desaceleração, mas ainda com um sólido crescimento de 26,3%”, acrescentam.
Enquanto o Ibovespa acumulou recuperação de cerca de 7% no mês, a moeda americana iniciou o ano mais comportada, acumulando queda de 4,84% em janeiro frente ao real. Assim, em dólar, o Ibovespa terminou o mês a 21.135,62 pontos, comparado a 18.799,19 pontos no fechamento de 2021 e a 22.937,77 pontos no encerramento de 2020.