Notícias

Notícias

Ibovespa sobe forte e busca 115 mil pontos com ‘fator eleição’ e exterior

Por
Estadão Conteúdos

O Ibovespa inicia a semana e outubro ampliando os ganhos de 2,20% (110.036,79 pontos) de sexta-feira, após a inesperada performance do presidente Jair Bolsonaro e do seu partido, o PL, no primeiro turno das eleições, contrariando as pesquisas de intenção de voto. Com isso, a disputa entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai para um novo turno, no dia 30.

Neste ambiente pós-eleição e mais a valorização perto de 5% nas cotações do petróleo, em meio a expectativas de corte na produção pela Opep+ na quarta, o índice Bovespa avança.

Já em Nova York, as bolsas também sobem, porém de forma menos intensa do que o Ibovespa, tentando apagar parte das recentes perdas, e após um indicador de atividade de setembro com resultado melhor do que o esperado pelo mercado. Ainda assim avançam acima de 1%, apesar de dados fracos na Europa e diante da crise financeira do Credit Suisse.

Já o dólar cai ante o real – mais de 3% e para a faixa de R$ 5,217 – e a alta é quase geral na carteira do Ibovespa. Às 11h13, apenas duas ações cediam: Yduqs ON (-4,78%) e Cogna ON (-4,76%).

O mercado respira aliviado após o primeiro turno das eleições, mostrando força do atual mandatário. As pesquisas de intenção de voto indicavam um crescimento maior Lula neste primeiro turno, mas a diferença entre ele e Bolsonaro foi de apenas cerca de cinco pontos porcentuais, o que leva a disputa para o segundo turno.

A força de Bolsonaro na Câmara e no Senado nessas eleições é bem vista pelo mercado no sentido de que atual mandatário tende a continuar com pautas liberais, na contramão de ações aventadas pela candidatura de Lula que possam pressionar mais as contas públicas.

A boa avaliação, explica Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos, deve-se a expectativas de em um eventual novo governo Bolsonaro, ele siga com uma pauta liberal, com privatizações. Além disso, indicadores do Brasil mostrando a economia avançando e redução da inflação também reforçam este quadro.

“Lula não tem essa bandeira liberal, e há o temor do Lula de antes eleições passadas, de mais gastos, sem muito compromisso fiscal”, analisa. “Por mais que se tenha alta expressiva, não é só por eleição, temos petróleo subindo e um Ibovespa atrativo”, completa Cozzolino.

Para o economista Álvaro Bandeira, os grandes perdedores deste primeiro turno eleitoral “certamente” foram os institutos de pesquisa, enquanto o principal vencedor, diz, o bolsonarismo, que aparece com força, ao emplacar cinco ex-ministros da gestão Bolsonaro, entre senadores e deputados, além de governadores. Agora, afirma, seria bom os candidatos apresentarem, de fato, seus programas de governo.

De acordo com o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, se Bolsonaro vencer, terá apoio maior no Senado, facilitando temas que agradam ao mercado, como privatizações. “E se Lula ganhar, terá pouco espaço para medidas que atrapalhariam o País”, analisa.

Apesar da alta de mais de 4% do Ibovespa, André Rolha, diretor de produtos da Venice Investimentos, afirma que a decisão eleitoral em segundo turno não o surpreende e, em parte, já havia sido levada em consideração por muitos investidores. “Muita coisa já estava sendo precificada. Porém, a volatilidade deve perdurar. E independentemente do local fatores, tem bastante influência do externo”, avalia.

“Devemos ter uma volatilidade ainda maior pois quando se olha para o Senado e em relação a deputados vencedores, a maioria eleita é de direita”, analisa Edmar Oliveira, especialista em investimentos da One.

Segundo ele, considerando que Lula ficou à frente no primeiro turno, sugere uma grande indefinição do ponto de vista de governança. “Ele terá de conversar com essa parcela direita. Essa incerteza o mercado deve precificar, principalmente se Lula se mantiver nesse patamar, e o mercado não gosta de incerteza.”

Às 11h27, o Ibovespa subia 4,39%, aos 114.848,17 pontos, ante máxima aos 114.877,13 pontos, em alta de 4,40%. O ganho é liderado por Sabesp (alta de 17,04%), na esteira de expectativas de privatização após o primeiro turno eleitoral. Petrobras subia quase 9%, bem como Banco do Brasil. Já Eletrobras avançava perto de 4%.