O desempenho do índice reflete o resultado mais forte que o esperado de dados americanos, caso do CPI (indicador de inflação ao consumidor) de janeiro e dos pedidos semanais de desemprego do país. A despeito de o CPI não ser o principal índice de inflação acompanhada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), é um dos insumos para projetar o deflator do PCE, ressalta em nota a equipe Macro & Estratégia do BTG Pactual digital.
“Para os próximos meses, entendemos que uma descompressão da inflação ficará mais clara apenas no segundo semestre, o que motiva um movimento mais ‘hawkish’ por parte do Fed. Esperamos um CPI pouco acima de 3% no final do ano” avalia a nota.
Às 11h10, o Ibovespa cedia 0,27%, na mínima a 112.163,10 pontos, após máxima a 113.120,79 pontos (alta de 0,59%). No entanto, às 11h13, subia 0,04%, aos 112.503,62 pontos.
Mais cedo, renovou máximas puxado principalmente pelas blue chips. Depois do tombo da véspera, os papéis de bancos sobem e, na linha de notícias da China, os ligados ao setor metálico também avançam. Além disso, Petrobras tem alta, em dia de elevação do petróleo no exterior e após dados de produção da estatal considerados, no geral, favoráveis.
Após testar subir e testar máximas na faixa dos 113 mil pontos, o Ibovespa perdeu ritmo, após a divulgação de dados dos EUA.
O CPI – índice americano de inflação – subiu 0,6% em janeiro ante dezembro (previsão de 0,4%), enquanto ante janeiro de 2021 avançou a 7,5% (projeção de 7,2%). Já o núcleo do indicador subiu 6% na comparação anual (previsão de 5,9%). Além disso, os pedidos semanais de auxílio-desemprego cederam 16 mil, a 223 mil, ante projeção de 230 mil.
“Como os dados vieram fortes, tende a reforçar expectativas de altas dos juros americanos acima de cinco vezes”, avalia Flávio Aragão, sócio da 051 Capital. No mercado, contudo, já há estimativas de até nove elevações dos FED funds.
Como destaca, o petróleo tem subido muito, o que traz risco para a inflação americana e do mundo todo. “Aqui no Brasil o IPCA, apesar de ter desacelerado em janeiro, mostra uma persistência inflacionária forte. As medidas de núcleos do índice vieram ruins’, avalia.
Conforme Aragão, se as ações de bancos não tivessem despencado, a Bolsa fecharia com alta forte. No entanto, o Ibovespa conseguiu fechar com ganho de 0,20%, aos 112.461,39 pontos, amparado em parte por alguma valorização da Petrobrás.
O índice, ressalta o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, tem mostrado resistência entre 112 mil e 113 mil pontos e, segundo ele, o mercado precisa definir uma tendência, buscando os 115 mil pontos para ganhar tração.
A Petrobras fica no centro das atenções hoje, após ter divulgado na véspera seus dados operacionais, tidos, no geral, como positivos, ao bater a meta do ano. Somado a isso, tem a alta do petróleo no exterior. Após o pregão, será a vez de a Vale divulgar seus números de produção referentes ao quarto trimestre.
Enquanto esperam o relatório da mineradora, as ações reagem à valorização do minério de ferro na China. Ainda nessa seara, informações do gigante asiático beneficiam o Ibovespa, como observa o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em nota. Por lá, os novos empréstimos bateram recorde em janeiro, reforçando a virada da política econômica local.
Em relação à Petrobras, a produção comercial de petróleo e gás natural de 2021 caiu 2,8% em relação ao ano anterior, enquanto na comparação com o quarto trimestre de 2020 subiu 0,4%.
Para completar, o volume de serviços prestados de dezembro pode gerar algum alívio na Bolsa. Na margem, cresceu 1,4% e subiu 10,4% na comparação com o último mês de 2020, ambos acima da mediana de 0,7% e 9,4%, respectivamente. Em 2021, fechou com elevação de 10,9%.