Nos serviços, houve pressão em julho das passagens aéreas e alimentação fora de casa, além outros de serviços ligados ao turismo, disse Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.
“O aumento nas passagens aéreas tem a ver com o querosene de aviação, com a questão cambial, teve valorização do dólar frente ao real, e o próprio aumento da demanda”, enumerou Kislanov, acrescentando que houve uma retomada do setor de serviços com a melhora da pandemia. “Especialmente no mês de julho, (aumentou a demanda por) serviços ligados ao turismo”, disse.
No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 8,73% em junho para 8,87% em julho, a mais elevada desde junho de 2014, quando estava em 9,20%. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de 11,73% em junho para 5,11% em julho.
“A variação acumulada em 12 meses dos serviços vem aumentando mês a mês”, observou Kislanov. “A demanda tem pressionado principalmente a parte dos serviços”, completou.
No mês de julho, os itens de maior pressão no IPCA foram leite longa vida (0,22 ponto porcentual), passagem aérea (0,05 ponto porcentual), frutas (0,04 ponto porcentual), plano de saúde (0,04 ponto porcentual) e emplacamento (0,04 ponto porcentual).
“O que puxou alimentos no IPCA de julho foi leite e derivados”, afirmou Kislanov. “A entressafra foi mais forte do que temos visto nos últimos anos aliada a um aumento de custos ao produtor”, justificou.
Na direção oposta, os itens que mais ajudaram a frear a inflação foram gasolina (-1,04 ponto porcentual), energia elétrica (-0,24 ponto porcentual) e etanol (-0,10 ponto porcentual).
Grupos
Sete dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em julho, informou o IBGE. As famílias gastaram mais com Alimentação e bebidas (1,30%), Saúde e cuidados pessoais (0,49%, impacto de 0,06 ponto porcentual), Artigos de residência (0,12%), Vestuário (0,58%, impacto de 0,03 ponto porcentual), Despesas pessoais (1,13%, impacto de 0,11 ponto porcentual), Educação (0,06%) e Comunicação (0,07%).
No grupo Vestuário, houve desaceleração no ritmo de alta das roupas masculinas (de 2,19% em junho para 0,65% em julho) e roupas femininas (de 2,00% para 0,41%). Os calçados e acessórios subiram 1,05%.
Em Saúde e cuidados pessoais, o plano de saúde aumentou 1,13%.
“Em junho, foram incorporadas as frações mensais referentes a maio e junho do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio. Em julho, foi incorporada apenas a fração mensal correspondente ao índice do mês. Cabe lembrar que os planos novos têm peso de 89% no cálculo da variação do subitem, enquanto os planos antigos, anteriores à lei 9.656/98, têm peso de 11%”, justificou o IBGE.
Houve ainda queda de 0,23% dos itens de higiene pessoal em julho, após alta de 0,55% em junho.
No grupo Despesas pessoais, os destaques foram os subitens empregado doméstico (1,25%) e cigarro (4,37%). Os cigarros tiveram reajustes entre 4,44% e 8,70% nos preços dos produtos comercializados por uma das empresas pesquisadas, a partir de 3 de julho.
Na direção oposta, a deflação de 0,68% no IPCA de julho foi puxada pela queda no grupo Transportes (-4,51%), mas também houve recuo expressivo nos preços do grupo Habitação (-1,05%).
Todas as regiões investigadas pelo IBGE registraram queda de preços em julho. O resultado mais negativo foi observado em Goiânia, -2,12%, enquanto o mais brando ocorreu em São Paulo, -0,07%.
Difusão
O índice de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 67% em junho para 63% em julho, segundo o IBGE. A difusão de itens alimentícios passou de 62% em junho para 60% em julho. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 70% em junho para 66% em julho.
O índice de difusão do IPCA de julho (62,86%, sem o arredondamento) é o menor desde março de 2021 (62,60%), frisou Pedro Kislanov. “A gente tinha o índice de difusão na casa dos 70% desde dezembro de 2021 até maio, e desde junho tem desaceleração. Então a gente tem uma inflação menos disseminada do que vinha desde o fim do ano passado”, avaliou o gerente do IBGE.