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Juros ao consumidor têm disparada

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Estadão Conteúdos

A alta da taxa básica de juros (Selic) e o maior risco de calote, por causa da estagnação da economia, fizeram os juros ao consumidor, que já eram exorbitantes, dispararem em 2021. Entre janeiro e novembro, as taxas médias cobradas nos crediários do comércio passaram de 72,7% para 80% ao ano. Os juros do cheque especial, por sua vez, foram de 127,7% para 140,3%. E os do cartão de crédito, de 257,1% para 340,8%, segundo levantamento da Associação Nacional de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Nesse período, a Selic foi de 2% para 7,75% ao ano (em dezembro subiu mais um pouco e alcançou 9,25%).

Esse aumento forte é visto também em outras linhas, como empréstimo pessoal de bancos e financeiras e o crédito direto ao consumidor. Na média, as taxas nos financiamentos cobradas dos brasileiros subiram neste ano, até novembro, 15,81 pontos porcentuais, segundo a pesquisa da Anefac, que coletou as taxas junto às principais instituições financeiras, enquanto no mesmo período os juros básicos avançaram 5,75 pontos porcentuais.

Risco

“Os bancos repassaram mais do que a alta da Selic para a taxa ao consumidor por conta da piora do cenário econômico, da expectativa de um risco maior de crédito”, diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac.

Segundo ele, a perspectiva de piora da inadimplência ocorre não só por causa da inflação, que corrói a renda dos cidadãos, mas também pelo desemprego em patamares elevados. Além disso, há mais uma alta dos juros de 1,5 ponto porcentual já sinalizada pelo BC para fevereiro e a expectativa de retração da economia para o ano que vem. Isso sem falar de uma eventual onda da covid-19 por causa da nova variante do vírus, acrescenta.

Neste mês, depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ter aumentado a Selic em 1,5 ponto porcentual, a Lojas Cem, por exemplo, rede de eletrodomésticos e móveis com quase 300 lojas no Sudeste do País, subiu 0,5 ponto porcentual os juros do crediário bancado com recursos próprios.

A varejista diz ter aumentado o custo dos financiamentos ao consumidor porque a inadimplência dos clientes está um ponto porcentual acima da média histórica. “Não dá para manter a taxa de juros com a inadimplência mais alta”, afirma o supervisor geral da rede varejista, José Domingos Alves.

Esse aumento generalizado de custos, porém, tem efeito direto sobre a atividade econômica, já que o consumidor acaba fugindo dos financiamentos para itens de maior valor. Isso já se reflete nos dados do Banco Central. Em setembro e outubro, as linhas de crédito imobiliário, veículos, crédito consignado e crédito pessoal já recuaram em relação ao mês anterior na aprovação de novos empréstimos. Só o que subiu foram o cheque especial e o rotativo do cartão, que são créditos pré-aprovados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.