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Juros completam seis sessões de queda, alinhados a câmbio e petróleo

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Estadão Conteúdos

Os juros fecharam em baixa pela sexta sessão consecutiva, alinhados ao bom humor no exterior, onde os investidores operaram de olho no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. As taxas acompanharam a dinâmica dos preços das commodities, do câmbio, mas no intraday diminuíram o ritmo no período da tarde, alinhadas ao fortalecimento do dólar e dos preços do petróleo.

A rodada de negociação entre Rússia e Ucrânia terminou sem acordo de cessar fogo para o conflito no leste europeu e os Estados Unidos mantiveram um discurso duro pela manutenção das sanções contra Moscou. Internamente, a perspectiva de fim do ciclo de aperto monetário em maio, sinalizada pelo Banco Central quase que diariamente desde a reunião do Copom, continua servindo de pano de fundo para devolução de prêmios, sobretudo até o trecho intermediário, mesmo com dados supostamente mais fortes de atividade, caso nesta terça do saldo do Caged.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 12,69%, de 12,736% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,026% para 12,005%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 11,31%, de 11,41% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 11,265% para 11,21%.

Com a expressiva queima de prêmio na curva desde o começo da semana passada, a perda de fôlego vista à tarde é considerada natural pelos operadores, até porque petróleo e dólar ganharam um pouco de força. As taxas chegaram a cair 20 pontos-base pela manhã, mas terminaram com perda de no máximo 10 pontos. Os mercados operaram de olho no encontro nesta terça-feira entre Rússia e Ucrânia, com a informação de que a Moscou reduziria “fundamentalmente” as operações perto da capital da Ucrânia, Kiev, e de Chernigov, no norte do país.

A expectativa era por um avanço para um cessar fogo, mesmo os Estados Unidos tendo alertado que não viam sinais de melhora no diálogo. À tarde, a diretora de Comunicações da Casa Branca, Kate Bedingfield, afirmou que as tropas russas estão conduzindo “um reagrupamento e não uma retirada” na região.

“Esperava-se que anunciassem um cessar-fogo, mas não aconteceu e o mercado reduziu o otimismo, também com o discurso duro do Ocidente sobre as punições à Rússia. O petróleo, que é variável-chave para o BC, passou a cair menos”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O barril do Brent chegou a operar a US$ 104 nas mínimas do dia, em baixa de 4%, mas acabou terminando em baixa de 1,36%, a US$ 107,71. Nos documentos, o Copom considera o valor de US$ 100 o barril até o fim do ano para projetar IPCA de 3,10% para 2023 no cenário alternativo, que o BC considera o de maior probabilidade.

De todo modo, os economistas do Banco Original destacaram que, nos últimos dias, a defasagem entre o preços internos e internacionais da gasolina vêm fechando rapidamente. “A diferença da gasolina rodava em torno de 10%-15% na semana passada e atingiu menos de 1% em nossas estimativas. O diesel interno deve ficar mais caro que o correspondente internacional”, afirmaram.

A agenda desta terça-feira tinha em destaque os dados do Caged de fevereiro. O saldo líquido foi positivo em 328.507 vagas, acima do teto das previsões de 327.283 postos, mas não chegou a influenciar os negócios, na medida em que não muda a percepção negativa sobre a atividade.