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Juros devolvem alta pós-Fed e ficam estáveis, com o mercado à espera do Copom

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros fecharam estáveis, devolvendo a alta registrada à tarde, após sinalização hawkish do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pouco antes da decisão de política monetária no Brasil no começo da noite. A informação de que o balanço patrimonial do Fed começará a ser reduzido no próximo encontro e também a forte revisão para inflação no gráfico de pontos, para além das metas, foram o destaque e acabaram puxando mais para cima o rendimento dos Treasuries, levando junto a curva brasileira.

Antes do Fed, as taxas operavam em leve baixa pela manhã, determinada pelo ambiente externo, por sua vez, sustentado pela expectativa de um desfecho positivo nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia, e com o petróleo se afastando da marca de US$ 100.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 era de 13,11%, de 13,132% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,935% para 13,005%. A do DI para janeiro de 2025 terminou em 12,445%, de 12,433%, e a do DI para janeiro de 2027 ficou estável em 12,25%.

A decisão de elevar a taxa dos Fed Funds em 0,25 ponto porcentual era amplamente esperada, mas o comunicado foi considerado duro, primeiramente com a informação sobre a redução do balanço, que começará em maio e não mais perto da virada do semestre, como esperado por boa parte do mercado.

“A redução do balanço vai elevar a taxa de juros de longo prazo dos títulos e, além disso, as projeções de inflação foram revisadas em alta, acima da meta de 2%, mostrando que o cenário de inflação por lá não é trivial”, afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. A projeção para o núcleo da inflação em 2022 saltou de 2,7% para 4,1%; a de 2023, de 2,3% para 2,7%; e a de 2024, de 2,1% para 2,3%. “Cenário pode fazer o Fed já na reunião de maio apertar um pouco o passo”, afirmou.

Para Abdelmalack, a sinalização do Fed não deve influenciar a decisão do Copom, logo mais. “Estamos já bem posicionados em termos de juros. Os desafios são mais internos, de seguir com responsabilidade fiscal para o plano de pouso do Copom sair como previsto”, afirmou.

O consenso do mercado é de alta de 1 ponto da Selic na reunião desta quarta, passando de 10,75% para 11,75%, mas a percepção sobre o tamanho e quantas doses mais virão está em aberto, na dependência do que trará o comunicado. Os diretores já haviam, no encontro de fevereiro, quando a Selic subiu em 1,5 ponto, indicado a intenção de reduzir o ritmo.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a conjuntura ficou extremamente mais nublada e o Copom deverá adotar a elevação de “apenas” 1 ponto, mas com uma comunicação “dura” no combate inflacionário. “A justificativa para isso deverá ser exatamente a dificuldade de projeção para horizontes mais longos, o que exige cautela na condução da política monetária, mas sem que as atribuições, como a meta de inflação, sejam deixadas de lado”, afirmou.