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Juros: Queda das taxas perde fôlego, com mercado realizando lucros

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros fecharam a quinta-feira em queda nos vencimentos de curto prazo e em alta nos longos. As taxas mostraram recuo firme ao longo da quinta-feira, mas perderam fôlego na reta final da sessão regular, em postura atribuída a uma realização de lucros após o alívio de prêmios visto nos dois últimos dias. A despeito do IPCA-15 de novembro ter superado a mediana das estimativas, o sinal de baixa prevaleceu, ainda em meio à sinalização do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dada ontem e lida como dovish e também o leilão de prefixados com risco menor para o investidor. O mercado reduziu as apostas num Copom mais agressivo e, tanto na curva dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) quanto nas opções digitais da B3, a percepção de que o ritmo de alta da Selic será mantido em 1,5 ponto ganhou terreno.

A taxa do DI para janeiro de 2023 terminou em 12,095% (regular) e 12,07% (estendida), de 12,146% ontem no ajuste. Na mínima, chegou a furar os 12% (11,995%). O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 11,86% (regular) e 11,85% (estendida), de 11,835% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 11,733% para 11,81% (regular) e 11,78% (estendida).

Na maior parte do dia, o tom geral do mercado foi de queda. “Poderia ser influência do feriado lá fora, mas também vale destacar a interpretação dos investidores para a fala do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que a perseguição à meta de 2022 teria menor peso na tomada de decisão do Copom”, afirmam os economistas do Banco Original, em relatório.

Com as declarações de Campos Neto ainda ecoando, o mercado aceitou sem traumas o desvio para cima do IPCA-15 (1,17%) em relação à mediana das estimativas (1,14%), parecendo ver como “lucro” o fato de que, ao menos, o índice não estourou o teto das expectativas, de 1,23%. “O mercado estava preparado para um desastre, mas veio só ruim”, atesta um gestor. De todo modo, qualitativamente, a leitura do indicador foi negativa, com núcleos e índice de difusão pressionados. A taxa desacelerou ante outubro (1,20%), mas foi a maior para meses de novembro desde 2002 (2,08%) e em 12 meses avançou a 10,73%, mais que o dobro do teto da meta de inflação de 5,25% de 2021.

Na avaliação da equipe de Macro & Estratégia do BTG Pactual, no curto prazo, o balanço de riscos deve ser mais negativo para o mercado local. “A deterioração da percepção de risco no Brasil, decorrente das incertezas do cenário fiscal e político, somada às expectativas de um aperto monetário mais célere nos EUA devem manter o dólar em patamar elevado, o que seguirá deixando o preço de bens comercializáveis em nível alto”, afirmam os profissionais da instituição.

O bom comportamento da curva ao longo da quinta-feira também teve contribuição do Tesouro, que reduziu o lote de prefixados mais longos, que normalmente puxam para cima o risco da operação. O DV01 do leilão foi 5% menor, segundo a Necton Investimentos. O Tesouro ofertou 650 mil NTN-F, ante 1,5 milhão na semana passada, mas vendeu apenas 300 mil.