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Juros recuam com ajustes pós-Copom e IBC-Br pior do que consenso

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Estadão Conteúdos

Os juros fecharam a quinta-feira em queda, reagindo ao comunicado da decisão do Copom na quarta, que, somado ao IBC-Br de janeiro mais fraco do que o consenso das estimativas, alimenta a percepção de que o ciclo de aperto da Selic está perto do fim. Nesse contexto, a curva estaria sobreprecificada em termos de aposta para os próximos passos da política monetária.

O petróleo, que passou a ser uma espécie de termômetro no cenário alternativo do Banco Central, teve alta expressiva nesta quinta, mas sem se afastar muito da marca de US$ 100, deixando o espaço aberto para a correção de rota do mercado. As taxas longas avançavam pela manhã, mas passaram a cair à tarde, depois do leilão do Tesouro e na medida em que o dólar renovava mínimas na casa de R$ 5,03.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para 2023, no fim da sessão regular, era de 12,925%, de 13,122% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2024, que vem ganhando liquidez, fechou com taxa de 12,755%, de 13,010% na véspera. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,285%, de 12,448%, e a taxa do DI para janeiro de 2027 recuou de 12,251% para 12,145%.

As taxas já começaram o dia em baixa, que foi se consolidando com avaliações mas firmes sobre o comunicado e o IBC-Br. A despeito do texto ter sido considerado confuso, o mercado se apegou à sinalização de mais uma dose de 1 ponto na reunião de maio, o que surpreendeu quem achava que o nível de incertezas levaria os diretores a deixar o cenário mais em aberto. “Muita gente não acreditava que ele ia se comprometer, mas ao mesmo tempo deu um sinal de que o ciclo não vai muito mais longe”, afirmou o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

A leitura foi de que considerando o atual estágio do ciclo e com mais uma alta de 1 ponto, a Selic em 12,75% garante a trajetória de convergência das expectativas para o IPCA em 2023, hoje em 3,70% pelo Boletim Focus, à meta de 3,25%, se o petróleo colaborar. O barril do Brent subiu nesta quinta mais de 8%, mas fechou ainda perto dos US$ 100, em torno de US$ 103. O Brent é a referência da Petrobras para apurar a defasagem dos combustíveis no Brasil ante os preços internacionais e cresce a cada dia a pressão do governo para que a estatal faça um reajuste em baixa.

Para Jorge Dib, gestor macro global da Frontier Capital, o Copom pode ter feito uma aposta arriscada ao se comprometer com mais 100 pontos e, ao mesmo tempo, indicar o desempenho do petróleo como condicionante. “O petróleo me parece um cavalo sem freio. Vamos esperar mais detalhes quando sair a ata”, afirmou. A ata será divulgada na terça-feira, 22.

O efeito do Copom acabou limpando na curva as apostas excessivas para a Selic, mas mantendo algum prêmio para aumentos além da reunião de maio. Segundo Dib, a precificação para o próximo encontro esta tarde era de 100 pontos e de cerca de 50 pontos para junho, com Selic terminal entre 13,25% e 13,50%, pouco abaixo da quarta-feira, quando estava em torno de 13,75%.

A ideia de fim de ciclo também foi reforçada pelo IBC-Br mais fraco do que apontava a mediana das estimativas. O recuo de 0,99% em janeiro, na margem, foi bem maior do que o consenso de -0,20%, com o índice no piso desde dezembro de 2020. “Ajuda a segurar as apostas mais agressivas. Estamos no fim do ciclo, agora é ajuste fino”, afirmou Dib, da Frontier Capital.

No leilão de prefixados, o Tesouro reduziu o lote de LTN ante a oferta da semana passada, de 5,5 milhões para 4,5 milhões, vendida integralmente, mas elevou o de NTN-F, de 350 mil para 450 mil.