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Juros: Taxas espelham Treasuries e sobem, com ajuda do IBC-Br e leilão do Tesouro

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros sustentaram trajetória de alta, espelhando o movimento das curvas no exterior, sobretudo a dos títulos do Tesouro norte-americano. Internamente, ajudaram a pressionar as taxas o IBC-Br acima do esperado e o leilão do Tesouro com risco (DV01) maior para o mercado. Com isso, terminaram a sessão regular renovando os picos do mês e nas máximas do dia a partir do trechos intermediário e longo, que completaram sequência de quatro altas consecutivas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,785%, de 13,762% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou em 13,22% – maior desde os 13,27% de 3 de agosto – de 13,11% ontem. O DI para janeiro de 2025 fechou na máxima de 12,08%, de 11,92% ontem, e a do DI para janeiro de 2027, em 11,77% (11,61% ontem), também na máxima. As quatro sessões de avanço desde segunda-feira já embutiram cerca de 50 pontos-base de prêmios nos DIs de médio e longo prazos.

O temor de aperto monetário excessivo pelo Federal Reserve, resgatado nesta semana pelo índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) nos Estados Unidos, foi hoje renovado por dados de atividade do país – pedidos semanais de auxílio desemprego e vendas no varejo – além do previsto. Com isso, os yields dos Treasuries continuaram avançando, com a taxa da T-Note de dez anos perigosamente se aproximando de 3,50%. Chegou perto do pico (3,499%) em mais de uma década, ao operar em 3,468% na máxima intraday.

“A alta do DI tem a ver com a dinâmica hawk do juro nos Estados Unidos e aqui também mais forte. Desde que saiu o CPI, a leitura é de juro mais alto por lá e hoje tivemos mais duas sinalizações neste sentido”, resumiu o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, referindo-se aos dados dos EUA. Este contexto sustenta apostas de que na reunião da próxima semana o Fed vai repetir o aumento de 75 pontos-base no juro, com chances minoritárias de acelerar para 100 pontos.

O economista acrescenta que, no Brasil, o IBC-Br acima do esperado, com revisão para cima nos números anteriores, sugere “atividade surpreendendo”, num teste para a defasagem da política monetária. O IBC-Br de julho subiu 1,17%, superando o teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 1%.

Para Perfeito, o dado, embora não tenha causado mudança nas expectativas para a Selic, ajuda a sustentar a ideia de que não será uma surpresa se o Copom aplicar um último ajuste, de 25 pontos-base, na reunião do dia 21.

Outra pressão tomadora no mercado veio do leilão do Tesouro, que, a exemplo da operação com NTN-B na terça-feira, veio com um lote maior em termos de risco (DV01) mesmo com o mercado estressado. Segundo a Necton, o DV01 foi de US$ 417 mil, ante US$ 302 mil no leilão anterior. A oferta de LTN foi de 11 milhões de títulos, de 7,5 milhões na semana passada, vendida integralmente. No caso das NTN-F, o Tesouro reduziu o lote de 650 mil na semana passada para 450 mil, vendendo 359.300.