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Juros: Taxas têm viés de alta, com pressões externas limitadas pelo dólar

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros fecharam o dia em leve alta, após uma sessão marcada por um jogo de forças que limitou a oscilação das taxas. De um lado, a percepção positiva sobre o fluxo externo e a nova queda do dólar para R$ 5,05 prevaleceram durante a manhã, impondo recuo modesto. À tarde, as taxas trocaram o sinal de baixa pelo de alta, na medida em que cresceram os temores em relação ao conflito entre a Rússia e o Ocidente na questão da Ucrânia, depois que a União Europeia (UE) aprovou um pacote de sanções econômicas contra Moscou e os Estados Unidos também anunciaram retaliações. Tanto o câmbio quanto os impactos da crise geopolítica sobre os preços de commodities são pontos importantes para a inflação e resta saber o quanto podem pesar no atual plano de voo das autoridades monetárias.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,425% (regular) e 12,43% (estendida), de 12,383% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,341% para 11,40% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,26 (regular e estendida), de 11,21%.

A escalada da crise geopolítica já havia começado ontem no fim do dia, com decisão da Rússia de reconhecer a independência de duas regiões separatistas na Ucrânia, mas o feriado em Nova York mascarou um pouco a reação nos ativos. Hoje, o cenário piorou com a mobilização de tropas russas para aquelas regiões e governos considerando que, com isso, na prática, a Rússia já invadiu o país báltico. Com as soluções diplomáticas cada vez mais distantes, a Alemanha pela manhã havia anunciado a suspensão da operação de um gasoduto russo e à tarde a UE aprovou um pacote de retaliações, assim como os Estados Unidos igualmente anunciaram retaliações.

No Brasil, os efeitos são dúbios, na medida em que o País, enquanto exportador de commodities, pode ganhar com avanço das cotações, mas perder pelo lado da inflação. Patricia Pereira, economista-chefe da MAG Investimentos, afirma que eventos bélicos deste tipo normalmente são inflacionários para o mundo todo, mas desta vez o Brasil sofre bem menos. “Esses eventos costumam prejudicar bastante o ‘kit Brasil’, mas agora é diferente, com a questão do fluxo forte amenizando os impactos sobre o real e também na curva de juros”, disse.

Havia alguma expectativa em torno da participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento do BTG nesta tarde, mas as declarações foram apenas monitoradas. Um dia antes da divulgação do IPCA-15 de fevereiro, para o qual a mediana das estimativas é de 0,87%, ele afirmou que a autarquia tem atenção especial à inflação de serviços. Segundo ele, o BC considera em seus cálculos que a inflação industrial deve cair e há um olhar específico para preços de serviços, uma vez que o último número “surpreendeu negativamente”.