Como trunfo, o Mercado Livre espera derrubar o prazo das entregas de 3 a 10 dias para apenas 1 dia, na região em torno da capital paulista. Oferece ainda a possibilidade de agendamento do horário de recebimento desses grandes itens.
A estratégia é tão importante que, apesar de ser conhecida por ser um marketplace, espécie de shopping virtual no qual lojistas vendem seus produtos, a plataforma comprou os bens de vários fabricantes. Faz isso com pouquíssimos itens para evitar imobilizar capital fora de sua principal atividade, que é tecnologia.
Mas o caso era especial – e a exceção foi aberta. “Até agora, nosso cliente comprava o fogão ou a geladeira diretamente do fabricante, que tem uma logística voltada para as redes de lojas que os revendem”, explica Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre. “Agora, ele terá com os itens grandes a mesma experiência que encontra nos produtos pequenos e médios.”
Segundo pesquisa da empresa de análise de dados Neotrust, entre as pessoas que querem aproveitar as promoções da Black Friday, 49% pensam em comprar eletroeletrônicos e 31%, eletrodomésticos. “É uma categoria que está consolidada no e-commerce, de tíquete médio alto e que tinha participação menor em nosso mix”, frisa Yunes.
Para Eugênio Foganholo, diretor da consultoria especializada em varejo Mixxer, a estratégia do Mercado Livre faz sentido. “Além de enfrentar concorrentes famosos e originários dessa área, qualquer diferenciação nas categorias mais desejadas no Black Friday pode levar o consumidor a optar pela plataforma.”
ALIMENTOS
Segundo o consultor, isso vem sendo buscado de maneira geral no e-commerce também com alimentos, na tentativa de ampliar a recorrência de compra. Nessa linha, em outubro, o Mercado Livre anunciou parceria com a rede de supermercados Mambo para testar em São Paulo essa área – e pretende fazer a iniciativa avançar pelo País.
“O Mercado Livre está indo nas duas pontas: do tomate à geladeira”, diz Yunes. “A intenção é fazer com que o consumidor, quando pense em comprar, saiba que vai encontrar qualquer coisa, com excelência de experiência.”
Em um ano no qual inflação, juros e desemprego estão em alta e há produtos em falta, a dúvida é se haverá mesmo desconto para atrair esse cliente. O Magazine Luiza disse, em sua conferência de resultados mais recente, que o estoque havia aumentado de 70 para 100 dias e pretende reduzi-lo exatamente na Black Friday, para desempatar o capital parado.
PROJETO NA GRANDE SP É TESTE GLOBAL PARA A EMPRESA
Dentro da estratégia do Mercado Livre, o projeto do centro de distribuição de itens de grande porte em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, é uma experiência única para a companhia. Isso permitiu que fossem desenvolvidas tecnologias específicas para a operação. “De prateleiras e empilhadeiras especiais a equipes treinadas no transporte e na montagem, conseguimos entender os processos e desenhar sistemas do zero, com a possibilidade de nascer da melhor forma possível”, diz Luiz Augusto Vergueiro, diretor de operações do Mercado Livre.
A empresa não divulga o investimento feito em Franco da Rocha. Diz apenas que faz parte do pacote de R$ 10 bilhões destinados à operação brasileira para o ano 2021. O centro tem 800 mil m² e capacidade de armazenagem de aproximadamente 200 mil produtos. Serão contratadas 300 pessoas para essa operação.
Em junho, já com o projeto do centro de distribuição em andamento, o Mercado Livre começou a receber as primeiras compras de televisores e itens da linha branca. Em relação à Black Friday, Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre, não detalha as promoções que serão feitas, mas adianta que o consumidor poderá encontrar descontos de até 70% no site.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.