O que são fundos multimercados? Entenda quais as vantagens e os riscos de investir!
Os fundos multimercados são uma das diversas categorias dos fundos de investimento. Este tipo de fundo apresenta uma política de aplicação livre, ou seja, não há restrição quanto a qual mercado ou valores de patrimônio mínimo que devem ser alocados em cada classe de ativo. Outras categorias de fundos apresentam algumas regras para alocação: os fundos de renda fixa devem alocar pelo menos 80% de seu patrimônio líquido em títulos de renda fixa; os fundos de ações devem alocar pelo menos 67% de seu patrimônio líquido em ações negociadas no mercado a vista de bolsa de valores.
Desta maneira, um fundo multimercado permite que seu gestor tenha maior liberdade quanto à alocação de seus recursos, permitindo investimentos em renda fixa, ações, câmbio, derivativos e diversos outros ativos.
Qual a estrutura de um Fundo Multimercado?
Os fundos multimercados têm uma estrutura semelhante a fundos de outras categorias. São compostos por profissionais, ou até mesmo empresas, com algumas funções específicas. Abaixo, um panorama geral dos cargos e funções exercidos em um fundo:
Gestor
É responsável por tomar as decisões de alocação, buscando atingir o objetivo do fundo. Em outras palavras, é o profissional que decide para onde irão os recursos alocados pelos cotistas. Pode haver também um comitê de gestores para realizar estas decisões.
Administrador
Basicamente, é o profissional que cuida do dia a dia de um fundo. É responsável pelo bom funcionamento da estrutura, pelo acompanhamento do fluxo de caixa e pela defesa dos interesses dos cotistas. Sua função é amparar o trabalho do gestor, fazendo com que a parte burocrática não caia nas mãos do gestor e este se concentre na parte estratégica do fundo.
Custodiante
Em grande parte das vezes, o custodiante é uma empresa que realiza a “guarda” dos ativos que compõem um fundo. Como descrito anteriormente, um gestor utiliza os recursos dos cotistas para comprar novos ativos. Porém, estes ativos não vão diretamente para a carteira do investidor. Neste momento, o custodiante é acionado e realiza a custódia, registro e liquidação dos ativos.
Auditor
O papel da empresa de auditoria é fiscalizar se o fundo está cumprindo as normas legais de operação, levando maior segurança para os cotistas.
Distribuidor
É a ponte entre os investidores e o veículo de investimento. Faz o papel de se relacionar com os interessados em aplicar no mercado por meio de fundos. Geralmente é exercido por uma corretora de valores ou um banco de investimentos.
Tributação
A maior parte dos fundos multimercados são tributados como renda fixa. Ou seja, obedecem a regra da tabela abaixo:
Até 180 dias de aplicação | 22,50% |
De 180 a 360 dias de aplicação | 20% |
De 361 a 720 dias de aplicação | 17,50% |
Acima de 720 dias de aplicação | 15% |
Caso o fundo seja classificado de curto prazo, ele seguirá a tabela a seguir:
Até 180 dias de aplicação | 22,50% |
Acima de 180 dias de aplicação | 20% |
A tributação ocorre na fonte, ou seja, na hora do resgate, somente sob os rendimentos. Na modalidade multimercados, está presente também o sistema come-cotas. Este sistema é uma antecipação do Imposto de Renda, recolhida nos meses de maio e novembro. Isso pode ser uma desvantagem, pois o valor recolhido semestralmente o patrimônio líquido do investidor, e, no longo prazo, reduzem o poder dos juros compostos.
Outro imposto que pode incidir em um fundo multimercado, caso seja tributado como renda fixa, é o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O IOF incide somente se o cotista solicitar resgate em um prazo inferior a 30 dias da data da aplicação dos recursos.
Como são classificados os fundos multimercados?
Graças à liberdade de alocação dos fundos multimercados, a Anbima criou uma classificação que agrupa os fundos de acordo com suas principais estratégias. As alternativas classificação estão descritas, em resumo, a seguir:
Macro: fundos com estratégias baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazo.
Trading: fundos que exploram oportunidades de ganho nos movimentos de curto prazo dos ativos.
Long and Short (neutro ou direcional): estratégia que foca em posições contrárias, ou seja, são montadas posições compradas e vendidas em determinados ativos.
Juros e Moedas: estratégias buscando retornos voltados a risco de juros, índice de preço e de moeda estrangeira.
Livre: não tem compromisso com nenhuma estratégia específica
Capital protegido: buscam retornos em mercados de risco procurando proteger, parcial ou totalmente, o principal protegido.
Estratégia específica: adotam estratégias de investimento que impliquem riscos específicos, tais como commodities ou futuro de índice.
Quais os custos para investir neste tipo de fundo?
Investir em fundos, de uma maneira geral, implica em remunerar o gestor e sua equipe pelo serviço prestado. De uma maneira sucinta, existem duas taxas:
Taxa de administração: é a remuneração a ser paga a todos os profissionais envolvidos no fundo. Este valor é cobrado anualmente, e é um valor percentual do patrimônio investido pelo cotista. A taxa costuma ser apurada diariamente e recolhida mensalmente. O investidor não precisa desembolsar nenhum valor. A taxa de administração é deduzida do valor da cota.
Taxa de performance: em muitos casos, fundos multimercados cobram taxas de desempenho quando superam o índice de referência – também conhecido como benchmark. É utilizado para recompensar o trabalho do gestor do fundo por uma boa performance. O índice de referência pode ser o CDI, o IGP-M ou até mesmo o IBOV, a depender da estratégia do fundo.
Quais os benefícios dos fundos multimercados?
Assim como qualquer outro tipo de investimento, fundos multimercados têm vantagens e desvantagens. Abaixo, algumas vantagens deste veículo:
Diversificação: o investidor, mesmo com pouco dinheiro, pode diversificar seus investimentos de acordo com a estratégia do fundo.
Flexibilidade: possibilita que o gestor mude rapidamente a porcentagem de alocação dos ativos da carteira do fundo, de acordo com previsões de mercado.
Acesso a produtos que exijam montantes mais elevados: o pequeno investidor, muitas vezes, fica de fora de ofertas e produtos de investimentos por não ter uma quantia mínima para investir.
Quais os riscos em investir em fundos multimercados?
Falta de foco: o gestor pode acabar não tendo um foco e não se especializar em nenhuma classe de ativo. Isso pode impactar na rentabilidade do fundo.
Falta de controle das alocações: este tipo de investimento não permite ao investidor saber ao certo as porcentagens de renda fixa e renda variável que o fundo aloca. Sendo assim, não consegue mensurar, ao certo, os possíveis riscos totais de sua carteira.
Alavancagem: este tipo de fundo permite que o gestor alavanque seu patrimônio – ou seja, permite operar valores maiores do que o próprio patrimônio do fundo. Como consequência, a alavancagem permite ao fundo performar muito melhor ou muito pior do que iria performar sem alavancagem.
Um exemplo do risco é: um fundo, com patrimônio de X, resolveu se alavancar em 10X. Se a operação realizada pelo gestor deu errada suas cotas cairiam de valor em 15%, como o fundo está alavancado, esta operação perderia 150% (10 vezes 15%). Isso é mais do que o valor total do patrimônio líquido do fundo. Sendo assim, o cotista pode ser chamado para aportar valores além dos que investiu no fundo para “cobrir o rombo”.
Como escolher os melhores fundos multimercados?
Uma boa prática ao escolher um fundo multimercado é compará-lo com o IHFA, ou Índice de Hedge Funds Anbima. Este é um índice que reúne os principais hedge funds – que no Brasil, se assemelham aos fundos multimercados de gestão ativa – do mercado brasileiro e mostra o seu resultado médio.
Encontrar a classificação de risco do fundo pode auxiliar muito o investidor no momento de decisão de adicionar ou não este veículo em seu portfólio de investimento. Este nível de risco varia diretamente de acordo com a estratégia adotada pelo fundo.
Verificar qual benchmark o fundo utiliza pode ajudar na hora da decisão de um fundo. Este parâmetro deve estar de acordo com a política de investimento do fundo. No caso dos multimercados, não faria muito sentido que o benchmark fosse o CDI e o fundo operasse majoritariamente em renda variável ou muitas vezes alavancado. O gestor estaria tomando muito mais risco para bater um índice que está atrelado a uma taxa de juros livre de risco. Neste caso, o ideal seria comprar com o Ibovespa.
Este artigo tem como objetivo democratizar o acesso à educação financeira via Ricardo Mello, Assessor de Investimentos da Simples MFO.