Como aconteceu na entrada de Roberto Castello Branco, primeiro presidente da empresa no governo atual, em janeiro de 2019, não seria necessário convocar uma assembleia prévia de acionistas para referendar o nome de Andrade – algo que poderia estender o processo por até 60 dias. Na época, Ivan Monteiro também renunciou ao cargo de membro do conselho de administração da estatal, e Castello Branco entrou no lugar.
A ideia é que Andrade faça o mesmo agora, com o respaldo da Lei das Estatais. Nome de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele entraria no conselho no lugar de Coelho e ficaria como presidente interino da empresa até ser ratificado em Assembleia-Geral Ordinária (AGO) já marcada para abril de 2023. Ou, antes disso, em assembleia extraordinária que precisaria ser convocada.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a próxima reunião do conselho, na terça-feira que vem, já pode eleger Andrade como conselheiro e presidente interino.
A renúncia de Coelho veio depois de forte pressão do governo, por discordância com a atual política de preços (com paridade com o mercado internacional).
O último reajuste para a gasolina e para o diesel foi anunciado neste fim de semana. A pressão exercida sobre os preços preocupa os integrantes da campanha à reeleição de Bolsonaro, que chegou a falar em CPI no Congresso.
‘Ilegítimo’
Os ataques também foram comandados pelo presidente da Câmara. Em artigo publicado no domingo no jornal Folha de S.Paulo, Lira chegou a dizer que a Petrobras foi “sequestrada por um presidente ilegítimo”.
No mercado financeiro, a renúncia se refletiu na segunda-feira em alta de preços para as ações da empresa (de 0,87%, para os papéis ON, e de 1,14% para os PN), com a análise de que isso poderia reduzir o clima de guerra envolvendo a Petrobras.
A documentação de Andrade deve chegar nesta terça ao Comitê de Elegibilidade da companhia para começar a ser analisada, o que deve levar cerca de sete dias, a tempo da reunião do conselho.
O comitê tem função consultiva. Ou seja, mesmo que não recomende o executivo para a função, Andrade pode assumir a presidência da empresa se for aprovado por maioria simples no conselho – que tem 11 cadeiras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.