O presidente do Citi no Brasil, Marcelo Marangon, destaca que a estratégia global é ter operação de varejo só nos EUA. Em outras subsidiárias, caso do Brasil, a ordem de manter o foco em banco de atacado (destinado às empresas) se provou acertada. O executivo, em entrevista ao Estadão, diz que até aqui o crescimento está acima do esperado, mas que a inflação e os juros altos são um desafio para o objetivo. Apesar disso, a meta de expansão segue inalterada.
No primeiro semestre, o banco norte-americano no Brasil reportou lucro líquido de R$ 963 milhões, aumento de 56% em relação ao observado no mesmo intervalo do ano passado. Já os ativos da subsidiária do Citi foram a R$ 153 bilhões no período.
Considerando o negócio de banco de atacado, a subsidiária brasileira já é a sexta maior operação global para o Citibank, tendo ultrapassado recentemente o México – cuja operação de varejo está à venda. Por aqui, Marangon diz que o ambiente eleitoral não preocupa, mas dá o recado de que é necessária “estabilidade política e econômica” e responsabilidade fiscal, independentemente de quem saia vencedor das urnas em outubro. “Nossa premissa básica é que teremos eleições democráticas, que o resultado será respeitado e que teremos um líder com claro projeto de governo de País.”
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Como tem sido o desempenho da subsidiária brasileira do Citi?
Tivemos mais um semestre de performance forte e fizemos questão de mostrar a evolução da relevância do banco depois da venda do varejo, o que mostra que o foco no atacado tem se mostrado a decisão estratégica correta. Dobramos os ativos do banco no Brasil desde a venda do varejo e reportamos o nosso maior resultado. Estamos acima da nossa meta para 2022, que é o nosso primeiro ano do plano de crescimento acelerado. Estamos atingindo a meta, mas em um ambiente com uma série de desafios, como juros e inflação altos.
Como o Citi tem conseguido entregar suas metas num ambiente de menor atividade do mercado de capitais?
A nossa receita em prestação de serviços se manteve estável e isso significa que ganhamos market share (participação de mercado). Houve 10 follow-ons (ofertas de ações por empresas já listadas) e participamos de sete delas, sendo que fomos líderes em três. Em M&As (fusões e aquisições, na sigla em inglês), estivemos em vários anúncios importantes. E crescemos também nossa atividade em gestão de caixa das empresas, tesouraria e em comércio exterior.
E como está a expectativa de transações do mercado de capitais com a proximidade das eleições?
Temos um pipeline (fila de operações) robusto, com operações estratégicas de M&As e algumas operações específicas do mercado de ações. O mercado está aberto para os follow-ons, desde que elas sejam bem posicionadas, com dinheiro a ser utilizado em uma aquisição, reperfilamento de dívida. Sempre que vem esse tipo de transação, vemos interesse do investidor. A volatilidade também está trazendo oportunidades de transações para consolidação de setores.
E como o sr. analisa o ambiente de eleição polarizada no Brasil?
O que é importante para nós e na visão dos investidores estrangeiros é a estabilidade política e econômica do País. O que acompanhamos é o plano de governo de cada um e o respeito à estabilidade fiscal, a intenção de se fazer reformas que sejam permanentes e que haja a manutenção das reformas que já fizemos, como a trabalhista. Isso é o que será importante para se tentar antecipar a qualidade do novo presidente, independentemente de quem seja. Será o plano de governo que irá aumentar o apetite de investimento (pelo Brasil) dentro do contexto global.
E como o sr. analisa os ruídos políticos neste ano?
Investidor gosta de estabilidade, previsibilidade e respeito ao ambiente regulatório e institucional. Mas a nossa premissa básica é que isso não será um problema, que teremos eleições democráticas, que o resultado será respeitado e que teremos um líder com claro projeto de governo de País.
Qual a importância do Citi no Brasil globalmente?
Hoje, a franquia do Citi no Brasil é a sexta maior do mundo (em banco de atacado), crescemos uma posição. É bastante importante para a América Latina, é bastante importante para nossa estratégia de países emergentes e para nossa estratégica global, visto que somos o maior banco global em termos de presença física.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.