Circula em grupos de auditores um vídeo com cerca de 200 caminhões na fila da alfândega em Pacaraima (RR), na divisa com a Venezuela. Segundo Denarium, o número de carretas paradas na região chega a 800, na capital Boa Vista e em Manaus (AM). “Falei com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que está sensibilizado com essa situação e também com o chefe geral da Receita em Brasília, Julio Cesar Viera Gomes. Estão abertas as negociações para o reconhecimento do bônus salarial de todos os auditores da Receita”, afirmou.
O governador disse apoiar tanto os caminhoneiros quanto a necessidade de reposição salarial dos auditores fiscais. “O governo do Estado está preocupado com a situação e estamos reunidos com os delegados da Receita Federal em Boa Vista, com o Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal) e com as empresas transportadoras. Trabalhamos em uma negociação para a abertura de nossas fronteiras para as exportações”, completou.
A crise entre o governo Jair Bolsonaro e a elite do funcionalismo público federal continua se alastrando. Após os servidores da Receita Federal e do Banco Central entregarem seus cargos comissionados, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou nesta quarta que mais de 150 auditores-fiscais do Trabalho já deixaram seus postos de chefia ou coordenação. Como no caso da Receita, os auditores do Trabalho cobram ainda a regulamentação do bônus variável por eficiência, que foi aprovado pelo Congresso Nacional há cinco anos, mas ainda não entrou em vigor.
Segundo o Sindifisco, mais de 1.200 auditores já haviam entregado os cargos o começo desta semana, em um total de 7.500. Já a Associação Nacional dos Servidores Efetivos das Agências Reguladoras Federais (Unareg) enviou ofícios pleiteando a recomposição salarial a diversas autoridades federais, incluindo o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Bolsonaro.
A mobilização por aumento salarial também avança dentro do Banco Central. Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, 1.200 funcionários sem cargos comissionados ou previstos para substituição já aderiram ao movimento – mais de um terço do total de servidores na ativa (3.500) -, se comprometendo a não assumir funções de comissão.
O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) aprovou no fim de dezembro um calendário de mobilização de servidores públicos por reajuste salarial, incluindo paralisações em janeiro – a primeira no dia 18 -, e assembleias em fevereiro para deliberar sobre uma greve geral.
O movimento começou após o presidente Bolsonaro anunciar em dezembro que faria uma reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Mesmo com o alerta da equipe econômica do risco de uma revolta generalizada no funcionalismo, o Planalto chegou a reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para atender apenas as categorias de segurança que são base de apoio do governo.