Com o desempenho de março, o setor fechou o primeiro trimestre com retração de 2,2% nas vendas em relação ao mesmo período de 2021. A queda no trimestre é explicada pelo resultado do mês de janeiro, quando as fortes chuvas que atingiram a região Sudeste do País impediram o escoamento de parte da produção de cimento.
“As vendas em janeiro deste ano foram 8,2% abaixo de janeiro do ano passado. Com as chuvas, não teve condição de distribuir nada. Desde então, estamos recuperando, mês a mês, o volume de vendas do cimento”, afirma Paulo Camillo Penna, presidente do Snic.
As vendas também são impactadas pelo avanço da taxa de juros e a alta da inflação, somadas ao ambiente de instabilidade geopolítica mundial, o que influenciaram o ritmo da demanda pelo produto no mercado doméstico brasileiro. O desempenho do setor não foi pior em março por causa do mercado imobiliário.
“A indústria de cimento está com um ovo grande na cesta, que é a construção imobiliária, principalmente para as classes A e B, algumas coisa para a classe C. É um risco para a indústria porque estamos vendo nossos estoques aumentarem muito e a tendência é de redução de lançamento de obras pela frente”, diz.
Segundo Camillo, a indústria de cimento deve encerrar este ano com vendas estáveis em relação ao ano passado, interrompendo uma sequência de três anos de crescimento. O setor cresceu em 2019 (3,5%), 2020 (10,6%) e 2021 (6,6%). Mesmo com esses triênio de avanço, o setor vende 8 milhões de toneladas anuais a menos do que em 2014, início da recessão do governo Dilma Rousseff.
O presidente do Snic se queixa ainda dos custos de insumos do cimento. Houve reajustes de insumos como refratários, gesso, sacaria, frete marítimo e rodoviário no primeiro trimestre. O coque de petróleo foi um dos maiores impactos, com aumento de 37% no preço apenas no primeiro trimestre. Hoje, 40% a 45% custo do cimento vem da energia térmica, como o coque de petróleo.