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Taxas de juros acompanham retorno de Treasuries e sobem, mas liquidez segue baixa

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Estadão Conteúdos

Alinhados à cautela do ambiente internacional, os juros futuros subiram nesta quarta-feira nos prazos intermediários e longos, enquanto os curtos novamente fecharam estáveis. O risco de aperto monetário mais acentuado pelos bancos centrais na Europa e nos Estados Unidos voltou a acuar os mercados, após dados de inflação alarmantes na zona do euro e Reino Unido e sinalizações do Federal Reserve. Nesse cenário, as taxas dos Treasuries bateram máximas em mais de 10 anos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,865%, de 12,822% no ajuste de quinta, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,60% para 11,67%. A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,53%, de 11,45%.

A sessão novamente foi marcada pelo giro fraco de contratos, com o mercado atento ao exterior e sem agenda doméstica relevante. Após oscilarem com viés de alta pela manhã, as taxa assumiram uma trajetória mais firme na etapa vespertina, na medida em que os yields dos Treasuries aceleraram o avanço para as máximas da sessão. A da T-Note de dez anos, em 4,12%, bateu nos maiores níveis desde 2011 e a taxa de 2 anos chegou a tocar 4,56%.

“Os juros lá fora estão subindo e gerando ruídos em todos os mercados, mas tanto o real quanto a curva de juros aqui apresentam uma certa resiliência. Estão bem comportados”, avalia o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

O índice de inflação ao consumidor no Reino Unido (CPI, em inglês) mostrou inflação de 10,1%, a mais elevada dos últimos 40 anos e a taxa anual do CPI da zona do euro atingiu nova máxima histórica de 9,9% em setembro.

Nos Estados Unidos, o Livro Bege trouxe que a alta de juros já impacta a venda de imóveis e que as condições do mercado de trabalho seguem apertadas. Ainda, o presidente da distrital de Minneapolis do Fed, Neel Kashkari disse que não será possível pausar a alta de juros nos EUA antes que o núcleo da inflação no país não pare de subir.

Internamente, a movimentação do cenário eleitoral tem produz pouco efeito no mercado de juros, ao contrário do que se vê nas ações de estatais negociadas na B3, mas ainda assim merece atenção. Nos últimos dias, diante da melhora do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de votos, cresceu a percepção de que o pleito será decidido por uma margem apertada, gerando um terreno fértil para eventuais contestações.

Na pesquisa Genial/Quaest desta quarta, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 47%, contra 42% de Bolsonaro. Lula oscilou 2 pontos porcentuais para baixo e Bolsonaro, 1 ponto para cima, em comparação com a pesquisa realizada no dia 13. Ainda nesta quarta-feira, serão conhecidos os resultados do Datafolha.

Para Perfeito, a espera pelo segundo turno e o período pré-Copom tendem a deixar o mercado, que já opera com pouca liquidez, ainda mais travado. Seja qual for o resultado, diz, a curva do DI não teria muito espaço para avançar, dada a Selic em níveis elevados, mesmo com o risco fiscal. “Em 12 meses, o juro médio pago pelo Brasil foi de 12,35%, contra o nível de 8% do México. É um patamar de juro que ainda aguenta bastante desaforo”, afirma. O Copom tem decisão de política monetária na próxima quarta-feira, 26.