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Temor de recessão mundial impede alta do Ibovespa após 3ª deflação do IPCA

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Estadão Conteúdos

A cautela internacional, que puxa bolsas e commodities para baixo contamina o Ibovespa um dia antes do feriado nacional. A preocupação com uma recessão mundial ganha reforço hoje da continuidade da política de covid zero na China, após relatos de novos casos da doença.

Nem mesmo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, que mostrou a terceira deflação seguida – ainda que o recuo tenha ficão mais intenso do que a mediana – alivia.

“Não tem nada animador. O sentimento mais negativo em relação ao Fed e à economia global pesa mais apesar da nova deflação do IPCA”, avalia Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos. “Com as notícias da China fica ainda mais difícil”, completa, ao referir-se a relatos um novo salto no número de casos de covid-19, também alimenta o temor de recessão. O medo de redução da demanda atinge especialmente ações ligadas a commodities: Vale ON cedia 0,95% e Petrobras recuava entre 1,26% (PN) e 1,40% (ON) perto de 11h30.

O temor de uma recessão global segue crescentes e os investidores vão buscar sinais sobre a política monetária mundial, especialmente na dos Estados Unidos, por meio de falas de dirigentes do Fed, do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE).

Na esteira de sinais de fraqueza da economia global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou suas projeções para o crescimento econômico mundial em 2023 e passou a prever recessão na Alemanha e na Itália, além da Rússia. O FMI espera que o Produto Interno Bruto (PIB) global cresça 2,7% no próximo ano, ante avanço de 2,9%. Para 2022, o Fundo manteve a expectativa de expansão de 3,2%.

Além de temores relacionados à China, a piora do sentimento de risco reflete renovadas preocupações com a guerra na Ucrânia e com a possibilidade de recessão dada a continuidade do aperto monetário do Fed.

Hoje, o Banco Central da Inglaterra (BoE) voltou a interferir no mercado de títulos, ao comprar bônus, na tentativa de estimular a economia o que eleva temores de mais inflação.

O petróleo cai em torno de 2% e o minério de ferro cedeu 2,5% em Dalian, após cinco aumentos seguidos. O declínio das commodities pesa nas ações ligadas a commodities na B3, indicando um segundo pregão consecutivo de baixa. Ontem, fechou em queda de 0,37%, aos 115.940,64 pontos.

Com este nível de fechamento, o Ibovespa se aproxima da “zona perigosa”, na faixa dos 114 mil pontos, observa o economista Álvaro Bandeira em comentário matinal. Contudo, há pouco, o indicador cedeu 1,01%, com mínima aos 114.769,01 pontos. Porém, ainda é cedo para estimar se seguirá nessa toada.

Como amanhã a B3 ficará fechada por conta do feriado em celebração do Dia da Padroeira do Brasil, Bandeira acredita que pode ser difícil o indicador não seguir o exterior negativo. “Se perder os 114 mil pontos fechamento, pode acelerar a queda”, estima o também consultor de Finanças.

Sobre o IPCA, a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese, avalia que o dado segue sem força para mexer com o mercado pois o exterior e a agenda de lá fora desta semana pesam mais. “O exterior deteriorou”, diz.

De todo modo, Eduardo Cubas, sócio e diretor de alocação da Manchester Investimentos, afirma que a terceira deflação do IPCA em setembro corrobora a crença de que o Brasil está na frente das principais economias do mundo no que tange ao controle de inflação.

“Isso nos ajuda a acreditar que nossa taxa de juros poderá desacelerar cair já em meados de 2023. Nós acreditamos em um cenário de inflação próxima ao teto da banda no ano que vem, dando espaço para quedas nos juros até abaixo do que o mercado precifica atualmente e próxima de 1 digito”, avalia Cubas.

Ás 11h21, o Ibovespa caía 0,80%, aos 115.084,16 pontos, após abertura aos 115.927,72 pontos, em queda de 0,01%.